Nem
sempre é esquecimento, mas sim um adiamento, é verdade que por vezes, infinito.
Mas está lá, algures em nós, na promessa que fazemos aos outros e que nos repetimos.
Porque não cumprimos? Cumprimos, a verdade é que cumprimos sempre, um dia,
naquele dia, inadiável em que nada, mas mesmo nada nos impede de o cumprir.
Antes que seja tarde, às vezes tarde demais para chegarmos e nos unirmos
naquele abraço que sentimos vontade de dar e necessidade afectuosa de receber.
Contamos
com ele, firme, apertado, caloroso, que nos ampara, mesmo quando só queremos
amparar o outro. Continuamos a arruma-lo nas margens do tempo como se o tempo
nos fosse eterno.
Sabemos
que o sentimento é inabalável, que não sucumbe às intempéries. Está lá,
perdoando o esquecimento, a ausência, o silêncio. Mas tudo isto é egoísmo da
nossa parte, porque acreditamos que podemos sempre voltar com o mesmo sorriso e
não perceber que do outro lado o sorriso mudou.
Sim,
mudou, não por ressentimento, mas porque os rios já passaram vezes sem conta por
debaixo daquela ponte, já a erosão dos
ventos lhe esbateram os traços ternos a que nos habituamos. E a grande mágoa
sua e nossa é que não estivemos lá, para partilhar, para amparar.
De
repente, percebemos, que outra história foi escrita e nós desconhecemos-lhe o
conteúdo dos seus capítulos.
E
compreendemos que o que fomos, já não
somos, já não seremos.
E
agora? Não sei, responde-me confusa a consciência.
Vamos
recomeçar, diz-me o coração. Desta vez, prometo que não vou esquecer, que vou
estar sempre aqui. Talvez, nem sempre.
Mas
quase, quase, sempre quando a saudade, a vontade de partilhar, de revelar, de
não conter a tristeza, de desabafar uma mágoa, de compartilhar a alegria.
Sempre,
mas mesmo sempre que a felicidade nos reencontrar.
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