Foi
uma Revolução de cravos, porque se calaram as armas, porque se emudeceram as
revoltas, porque se ergueram os braços para festejar a vitória e se acenaram
flores.
Porque
se atiraram pétalas de esperança numa primavera que renasceu, livre para florir
palavras sem medo.
Porque
o vermelho agitou-se nas mãos e não era sangue, mas como ele significava vida, vibrante
e renovada.
Recordada
em cada recordação do ontem um novo sol
brilhava em cada rosto de expectativa e de confiança. Afinal “foram anos a esperar
por um só dia”, até encontrar “em cada esquina um amigo”, “em cada rosto igualdade”.
Entretanto,
continuamos a celebrar, embora, cada vez menos a recordar, porque cada geração
que nasce, nasce em liberdade e longe da sua ideia está qualquer forma de
repressão. E mesmo aqueles que olham para o hoje e sobretudo para o amanhã com
olhar crítico e magoado, não lhe é tirada a razão mas cada momento histórico
tem os seus dissabores, comparar o passado com o presente é relativizar a luta
de quem sofreu o peso constante de uma ditadura e que se libertou pela força da
união.
Há
quem diga que devia acontecer uma nova revolução, prefiro pensar que o que
necessitamos é de uma nova união. Talvez seja preciso colher todas as flores da
primavera não para aplacar as armas mas para apaziguar os corações que se
sentem traídos nos seus ideais de Abril.
E
para que estes ideais não esmoreçam vamos construir em Abril a continuidade auspiciosa
de cada mês, de cada dia em que vejamos nos outros o reflexo do nosso sorriso
na oferta generosa do seu.
Para que os cravos de Abril de 1974 continuem
acenando objectivos conquistados, na certeza de que vão ser eternos na primavera
de cada vida que nasce e cresce livre para ser Feliz...
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