“Que
diz o teu olhar?” Pergunta o locutor de um programa de televisão. O meu olhar
diz tanta coisa que não há palavra suficientes para o relatar, talvez, por isso
responde o silêncio, só ele pode em alguns momentos dizer fielmente o que vai
no meu olhar.
“Alguém
te deve um pedido de desculpa?” Mais uma pergunta que me faço e confirmo que
sim, devem-me alguns pedidos de desculpa e que neste caso, sobretudo neste, o
silêncio nunca é resposta, ou melhor, a resposta que gostaria de obter. Porque
o silêncio é sempre uma resposta, nem que seja aquela que não queremos receber.
Mas voltando à questão, “devem-me um pedido de desculpa?” Sim. Mas nunca o vou
receber. Porquê? Porque para haver esse pedido, teria de haver reconhecimento
de que se errou e isso é algo que nem todas as pessoas têm a coragem de admitir.
Se
devo um pedido de desculpa a alguém? Não sei, penso que não, tento que não.
Pedir
desculpa não é necessariamente mudar a nossa opinião, mas obriga a uma mudança
de atitude. “Não temos que dizer tudo o que nos vai na alma mas somente o que é
necessário”. Não temos dizer algo como se fossemos arremessar pedras, quando em
vez disso, elas podem ser colocadas uma a uma com prudência para formar um
suave caminho. Pedir desculpa é a maior prova de respeito e de consideração
para com o outro, esse que estimamos e não queremos em momento algum ser a causa
da sua mágoa. Para que o lugar da amizade, do afecto não seja ocupado por dor e
ressentimento, quando basta um pedido de desculpa sincero para tornar alguém feliz
e ser ponto de reencontro.
Quando
era jovem achava que tinha de me afirmar, de mostrar que tinha opinião. Ser
quem era, com algum menosprezo, alguma insensibilidade
para com os outros, confesso. Hoje, como é bom “envelhecer”, amadurecer,
crescer e perceber que só ganho na medida em que não perco, sobretudo os amigos.
Percebi que não havia razão para me impor e que era muito mais agradável caminhar
lado a lado, cada um com a sua maneira de ser conciliada.
Somos
humanos, erramos, talvez não pela forma como somos mas por aquela em que usando a nossa possibilidade de escolha, da
melhor ou da pior forma, agimos.
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