
Quem se esqueceu de escrever o meu destino? Quem
desistiu de me desenhar a vida? Quem me roubou os passos antes de os chegar a
pousar no chão?
E agora? Que faço com tudo o que trago comigo, este
saco de esperança, esta fé do que ainda
posso ser. Só preciso que o sol me brilhe um pouco e que o luar não me apague.
Que as ondas me levem até à costa e que os mares não
me afoguem. Só preciso que as flores me encham de primavera e que os espinhos não
me magoem. Que as margens do rio me sejam suave companhia sem estreitar ou
limitar-me o percurso.
Só preciso de ti para
melhorar os meus dias mesmo que
me escureças as noites. Quero ser o que nunca fui, o sonho progenitor tornado
realidade: a filha, a irmã, a mulher, a vida, a célula não degenerada, o ADN
imaculado.
Se há arquitetos no céu, que encontrem as linhas do
meu esboço. Se há criadores no universo que me moldem em verdade, sabedoria e liberdade.
Se há energias de atração que me tragam uma simples luz de farol mesmo que sem
nele haver um mar. Se há felicidade, que me encontre, espero-a, na morada do
meu viver.
Se me conceberam como projeto inacabado, que encontre a capacidade, a vontade, a possibilidade de me tornar a concretude nem que seja no corpo de gotas suspensas na curva completa do arco-íris.
Se me conceberam como projeto inacabado, que encontre a capacidade, a vontade, a possibilidade de me tornar a concretude nem que seja no corpo de gotas suspensas na curva completa do arco-íris.
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