“Neste
mundo desarticulado e cheio de pressa, estamos com os outros mas cada vez mais
sós”. As pessoas vivem fechadas em mundos virtuais. Aparentemente com relações
sociais à escala global. Temos a ideia de estar em todo o lado, vivendo
sentimentos de pertença a uma humanidade comum. Mas, muitas vezes, não nos
relacionamos sequer com o vizinho do lado. Há cidades inteiras que vivem num
outro universo. Há ruas apinhadas de gente que vai falando pelo telemóvel com
alguém distante e no entanto não vêem quem se cruza nesse instante consigo. De
costas para os outros acusam-nos de estarmos de costas para eles. Iludidos com
a quantidade, desprezam a qualidade. Têm muitos amigos, que na maior parte
desaparecem quando se desliga o computador. Não chegam até nós quando
precisamos de um ombro amigo, separados por redes binárias, estendem abraços nos
cabos eléctricos mas não é o suficiente, o mundo virtual nunca conseguirá
trazer-nos o calor humano.
Então
descomprometo-me, prometo voltar e não volto, prometo escrever e não escrevo,
prometo ficar e desligo-me de ti. Esquecendo-me, como tantos outros, que o meio
de comunicação é virtual, mas que tu existes, que a tua dor existe, a tua mágoa
magoa-te esse coração bem real. Estremeço, sinto-me invadida por um estranho
receio, o de te ter perdido por entre os buracos dessa “rede” cibernética. Perscruto
por entre o silêncio. “Onde estás?” Escrevo numa angústia que me sufoca o
peito. A resposta tarda, não chega. O meu olhar permanece preso ao teu nome,
numa espera infinita de minutos, de horas, de dias. Espero que a luz verde se acenda,
um sinal que indica que estás ali. Por fim essa luz ilumina a escuridão como
uma esperança que me alumia a vida. Uma luz silenciosa que não responde aos
meus apelos mas que permanece fixa e isso basta para me tranquilizar. Na minha
resignação, esse pequeno ponto luminoso, deixa-me feliz simplesmente por saber
que existes.
De
repente torna-te uma estrela a cintilar no meu ecrã, aparentemente tão perto
que, quase, mas apenas quase te posso tocar, sentir. Mas longe, tão longe como
as estrelas do céu e tão bela com todas elas.