És
tu que me faz soltar a alma com asas de sonho, em voos de esperança.
És
tu que me tocas o coração, sem nunca me roçar a pele. És tu, cujo nome não sei
e isso permite-me chamar-te aquilo que o meu peito ditar. És tu que me fazes
parar, que me fazes pensar, que me fazes rir das minhas mágoas, porque as tuas,
adivinho-as bem maiores. És tu me revelas o quanto sou feliz, que tenho tudo.
És tu que não tens nada quem me oferece um sorriso, e eu que tenho tudo, tudo
aquilo que não tens, olho as minhas mãos vazias e, ao vê-las fico triste, não
porque estão vazias, mas porque não sabem encher-se do tão pouco que me pedes
sem nada dizer. Uma entrega que já não consigo dar, fechei-me em mim, fiz-me
prisioneira da minha solidão, da minha razão, da rotina mecanicista que me
comanda os gesto e a vontade.
No
entanto temos algo em comum; vivemos sem pressa, um pensamento por dia, e
pobres, tu de bens materiais, de um tecto, de uma cama quente e macia; eu, de
espírito, de ânimo, de coragem para voar e levar-te comigo, nas asas do meu
sonho de um dia ter a felicidade de te ver feliz.