Cheguei e...
Nada! Não aconteceu nada, ninguém deu pela minha chegada.
Tinha imaginado que faria uma entrada
triunfal, como se fosse um herói que
regressa da batalha.
Tinha vestido a minha melhor roupa, aquela que a minha mãe
deixa guardada só para ir à missa e que ao chegar a casa de imediato me manda
despir.
Pus gel no cabelo, quer dizer, não é bem gel, mas o creme
das mãos que a mãe usa, faz o mesmo efeito. Usei o mesmo creme para engraxar os
sapatos e estes ficaram com aspecto de novos, apesar de já os ter herdado do meu
irmão mais velho.
- Estás tão lindo!, Dizia a minha avó e eu acreditei, apesar
de ela ter cataratas há mais de 10 anos,
porque está na lista de espera para a cirurgia num hospital público.
Até pus perfume ou
como disse a minha mãe,” tomei banho dele”, afinal nem é dos caros, compra-se
nas lojas dos chineses, “mais barato que a água” diz o meu pai no seu avido
de que se devia evitar os banhos porque
há falta de água porque tem chovido
pouco.
A verdade é que estava um miúdo “brutal” de giro, como
costuma dizer o meu irmão na sua gíria de adolescente.
Sonhei tanto com esta festa, nem dormia só para a visualizar
acordado, ia chegar, entrar e a Mariana, a miúda mais gira da escola, ia olhar e ficar de imediato caidinha por mim.
Por fim, alguém deu pela minha presença e, até elogiou a minha aparência...
Alguém deu pela minha presença e até elogiou a minha
aparência…
- Joãozinho, estás tão bonito, pareces um homenzinho. Quem
diria que tens 7 anos?
Olhei-a com desagrado.
- Hum? Indaguei num murmuro, um quase ronco.
- João, sou a mãe da Mariana.
Sorri, não um sorriso pleno, mas foi o melhor que consegui fazer naquele momento.
Bem, pelo menos agradei à futura sogra.
Só que cheguei e… nada, mas mesmo nada foi como eu sonhei…
Sem comentários:
Enviar um comentário