“Tens uma escrita urgente como se tivesses pressa
de dizer tudo o que te vai no coração”. É o que me dizem, não comento, sorrio.
Como em tudo na vida, sorrio. Sempre me pareceu a melhor solução, ou pelo menos
a de efeito mais rápido.
Um
sorriso que a tudo parece responder, que com tudo parece concordar. Mas que
penso, que sinto? Confesso que escrevo com pressa, num ritmo que nem eu consigo
acompanhar a ordem ou desordem das minhas ideias. Tento apanhá-las, escapam
algumas, não desisto da corrida e algures no tempo da escrita, encontro-as,
sorrindo, sim, porque também elas sorriem, estão à minha espera.
Na
verdade não querem fugir, mas ser apanhadas, captadas algures dentro do peito.
Por vezes sinto-as como folhas esvoaçantes no vento, outras, simplesmente
pairam no ar, pacientes de que as escreva, que lhes dê visibilidade.
Claro
que também há momentos em que as palavras me pesam, me magoam como se para as
pronunciar tivesse da as arrastar pela vida fora, aprisionam-me a um passado
que quero distante. “Um dia destes emigro, abandono-vos e vou viver para o
futuro”. Parece uma frase louca, mas loucura maior é ficar nesta “prisão” que
não me redime, apenas me oprime.
Resta-me
o sorriso, essa quase “mentira” de um músculo do rosto, o que importa é que
acreditem e acreditam.
Já
me chamaram emoji! Porquê, estou amarela?
- Não, estás sempre a sorrir. Então rio ou
talvez seja apenas uma ruga de expressão que dá essa sensação.
Viro
as costas, meto as mãos nos bolsos e lá vou bamboleando um fado de viela, ou
como já dizia o outro “ mais vale só que mal apaixonado”.
Gracejando
como se o coração também me sorrisse, “mas para isso é preciso fazer cócegas na
alma”.
Afinal,
o passado só está na nossa cabeça, já o futuro estará sempre nas nossas mãos.
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