
Sim, porque, hoje na escrita, fala-se com demasiada ligeireza de abraços,
mas eles nunca nos chegam a aconchegar.
Fala-se de beijos que são deitados ao ar como se fosse um bouquet de noiva, que
todos querem apanhar mas nunca apanham.
Mas é escrita moderna, quem não a reconhece, quem não a aprecia, é
catalogado de antiquado, retrógrado e uns quantos mais piropos.
E depois, escrevem-se linhas e linhas com palavrões e ultrajes…,
linguagem popular, dizem. Estão no dicionário, afirmam, com as armas literárias de quem as usas sem
ter noção do quanto podem ser letais.
Então, pego nas minhas páginas rabiscadas, porque sim, é assim que as
vejo quando as comparo com a tamanha eloquência da novas tendências de moda
literária, arrumo-as na gaveta. Dizem que a moda é cíclica, quem sabe um dia,
voltam a estar em voga os sentimentos mais ternos, as frases mais extremosas,
as palavras mais polidas, a delicadeza dos termos, a cortesia das expressões e
o que se escreve ganhe novamente um sentido de viagem que leva o leitor pelos
rios da fantasia, desembocando no mar das emoções e depois de vendavais, a
bonança de um fim, não necessariamente feliz, mas que nos deixe algo em que
pensar, que nos preencha de prazer e de uma felicidade que só conhece quem lê
um bom livro.
Sem comentários:
Enviar um comentário