Os sorrisos, são todos diferentes,
raramente reparamos nisso, mas é verdade, são diferentes. Como comparar o
sorriso de uma criança, ainda tão cheia de confiança, tão cheia de futuro, tão
dona do mundo, com o sorriso parco de quem já viveu todo esse futuro e lhe
chama agora passado.
É diferente o sorriso de quem chega,
do sorriso de quem parte. Um e outro carregam uma espécie de mágoa, a do
regresso por ter partido, a de partir sem saber se regressa.
Se os sorrisos falassem, quantas
coisas nos diriam, como nos surpreenderiam pela sua profundidade discursiva,
pelas ideias, pelos sentimentos. A verdade é que os sorrisos falam, mas nós não
conseguimos escutá-los com os olhos e ficamos a olhar para eles na esperança
que sejam isso apenas, sorrisos…
Pensa-se que m sorriso é uma
manifestação de alegria, uma espécie de felicidade contida, com receio de nos
ser roubada pelos infelizes, esses que já nem sequer sabem sorrir.
Mas o sorriso tem muitos sorrisos
contidos no seu, quando ele sorri até aos olhos, quando nos enche o rosto de
orelha a orelha, também pode ser tímido, um tanto envergonhado por sorrir sem
encontrar para isso uma razão, é apenas um gesto, que diz tudo, ou seja nada,
porque quando as palavras já não fazem sentido para justificar a vida,
encolhe-se os ombros e sorrisse, assim,
ninguém o questiona e com um pouco de sorte ainda o retribui.
E uma espécie de código, que usamos,
que aceitamos, quando os outros nos calam com um sorriso. Quando nos desarmam
com um sorriso e, nós, sorrimos também. Que fazer? Matar aquele sorriso?
Arrancá-lo de um rosto e ver no seu lugar surgir um rio incontido de pranto?
Não, que sorria, que acredite que é um sorriso de alegria, que nos faça
acreditar que ele é o caminho para um por pôr-do-sol quando o astro rei, também
ele, nos sorri, até mesmo quando chove…