Sinto-me
feita de ti, de vento, de folhas caídas, de salpicos de mar. Sou montanha e
planície, rio que te delineia as margens em voos que rasgam a linha do horizonte. Sou onda que se estende
pelos 7 mares onde ecoam sereias; sou nuvem que se alonga qual preguiça
infinita no azul celeste. Sou como tu, feita de sonhos, de ilusões, de
estranhas e doces paixões, ainda tenho esperança, ainda guardo resquícios de
confiança, sou um velha no olhar, mas no coração uma criança.
Sou
tua, abraço-te e beijo-te, adormeço em ti e cubro-me com um manto luar.
Sou
eu, a ultima andorinha da Primavera, sim, as minhas irmãs já partiram. Eu, ando
sempre atrasada, sempre perdida, sempre esquecida do tempo. Porque o tempo
são-me asas e as asas só querem voar por terras sem fronteira, por regiões sem
muros, por olhares sem grades, por corações sem medos.
Estou
atrasada, reconheço, mas culpa não é totalmente minha, afinal, a natureza não
tem horas, não usa relógio, não segue as badaladas do sino da igreja, nem se
rege por um calendário de folhas removíveis. Vivo ao sabor do vento e da chuva.
Cantando ao namoro desencontrado do sol e da lua.
Terra,
és a minha mãe, a minha casa, o meu cais, o meu ninho, és o meu calor, o frio,
a dor e a felicidade, a alegria e a tristeza, até a saudade.
Por
isso parto, por isso regresso, só porque quero, só porque me chamas, sigo-te,
estou sempre onde estás, aqui, ali, pintando de verde e de azul a minha solitária
existência.
Sem comentários:
Enviar um comentário