Temos
uma história, um passado, um presente, uma história feita de histórias, como se
nos fossem degraus para chegarmos mais adiante. Somos a nossa história, escrita
nas células do viver que por dentro lhe vão dando sentido. Que por dentro nos
vão erguendo muros de separação, ou construindo pontes de união. Tudo se passa
aqui, algures, entre o cérebro e o coração, entre o querer e a razão. Por vezes
há uma sintonia, um encontro de ideais, uma harmonia e nesse instante, nesse
mero instante, tudo faz sentido. Como se víssemos para lá do finito que a vista
alcança, um horizonte que só o sentir consegue revelar-nos.
Por
isso, nem que seja só por isso, por esse instante de luz interior, tudo vale
a pena é o nos identifica, nomeia, compõe. Temos afinal uma missão, que talvez
não seja feita de heroísmos, de grandes dádivas, sacrifícios, é antes um
encontro, não aquele que tão ansiosamente procuramos, mas o que tão
discretamente encontramos ou que nos encontra. Nesse mediar
existir ente a luz e a escuridão, entre as cores mais luminosas e os
tons mais pálidos e cinzentos, aprendemos a subsistir, a sorrir.
Enquanto
nos dizem, que toda a dor passa. O tempo tudo cura. Mas não passa, mas não
cura, apenas muda de nome, apenas muda de tom. E já não dói tanto e já não se
chama assim. Passa a chamar-se saudade. Passa a ser uma lembrança, uma memória,
uma cada vez mais breve história.
Afinal
a dor passa, passa por nós e o que fica, torna-se ténue como um rasto de rio,
que no seu percurso se vai transformando em ribeiro, em riacho, em pequeno
curso de água, quase no fim em gota e depois em, pouco mais do que nada.
Seca-se
nos olhos, enquanto ainda escorre no coração e um dia passa a ser um consolador
embalo.
Afinal,
o tempo que tudo cura, quando nos vai afagando as mágoas, com palavras de
vento, com abraços de brisas. Em nós vai crescendo uma história, a da nossa vida...
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