Há um caminho que fazemos juntos, que temos de fazer, uns
devagar e apreciando a paisagem, outros com pressa, ansiosos por chegar, por
descobrir onde o caminho os leva.
Mas o caminho não leva ninguém, as pessoas é que vão nele,
através dos seus passos, conduzidos pelo (coração), pela (razão).
E pelo caminho, vão falando, pensando, descobrindo-se,
percebendo que tudo é tanto, mas muito pouco comparado com o que há para ser.
Sentimo-nos eternos discípulos da vida, humildes perante o
mestre tempo que, na sua sabedoria, nos vai guiando. Com ela, as nossas dúvidas
vão-se dissipando. Com ele, as nossas certezas vão crescendo.
E, nesse percurso , vamos dando algo de nós, vamos recebendo
algo dos outros. A bagagem, por vezes, torna-se pesada, aqui e ali perdem-se
algumas coisas, recuperam-se noutro sítio, tantas memórias, tantas histórias,
coisas a que nos agarramos como um náufrago a uma bóia de salvação. Outras,
simplesmente, deixamos que partam e sigam também elas o seu caminho.
O ideal seria prosseguir de mãos vazias mas de coração cheio,
cheio de olhares que vêem para lá do crivo pessoal e cultural. Nem sempre
crescemos bem, nem sempre, sequer, crescemos. Apenas vamos, andando, porque nos
ensinam a andar, porque acreditamos que faz sentido andar.
Mas há momentos em que temos de parar, parar de procurar e
perceber que encontramos, que estava guardado, escondido dentro d e nós. Por
quê só agora, questionamos? A resposta fácil é que tudo tem a sua hora, o seu
momento. A difícil é que dependeu sempre de nós, de a vermos, sentirmos e
aceitarmos quem e como ela é. E isso é doloroso, chega a ser tenebroso. Somos
nós a crescer por dentro, reconhecer que esteve sempre aqui, o que procurámos
tão longe. Gastámos os passos, cansámos os sonhos, fizemos e continuamos a
fazer o nosso caminho e, independentemente da estrada por onde vamos e formos, cresce-nos
a certeza de que a viagem é, sobretudo, dentro de nós.
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