“Ando
na guerra”. Foi assim que uma amiga descreveu os seus dias, uma luta constante
e quando a noite chega, soma batalhas ganhas e batalhas perdidas, porque uma
vez é-se vencido outras vencedor.
No
dia seguinte retoma a actividade, veste a armadura, ergue o escudo, empunha a
espada e vai para a “guerra”. A sua “guerra” necessariamente diferente da de
cada um, embora desse cada um, alguns, entrem directamente no seu confronto
bélico de emoções, de tentativa de soluções para os problemas diários. Porque
algumas dessas batalhas são mesmo diárias, a escola e os filhos, a doença da
mãe, o marido, os colegas, os chefes, os amigos, os vizinhos, o homem do café,
o do talho, da caixa do supermercado, o da bomba de gasolina, os das filas de trânsito.
As suas/nossas pequenas e grandes lutas.
E
à noite continuamos a enfrentar contendas que por vezes nem são nossas, as dos
filmes, das telenovelas, dos telejornais, está na hora de mudar de canal e ver
apenas o Canal Baby, porque até o canal juvenil conta histórias demasiado
violentas de guerras entre o bem e o mal. Talvez o melhor seja desligar a tv
por completo, acender o computador, entrar no facebook verificando que também
ali há “guerras” informativas, desinformativas, cusquices, gargalhadas que
tentamos mas que já não conseguimos dar. Ou escolher o tablet, jogar um jogo
que não nos derrote, mahjong, tetris, candy crasch, desisto já perdi em todos
eles. Talvez um livro, um romance com final feliz, mas que até chegar a esse prelúdio,
quantas batalhas se travaram, quantas derrotas se somaram…
Chega!
Já tenho as minhas, as tuas, não quero ter também as vossas. Nada como fechar
os olhos, dormir, quem sabe sonhar sonhos que não sejam de lutas travadas ou
por travar. Que sejam de encontros, de sorrisos, de abraços, de conversas
amenas, de plácida natureza, de calmo mar, de dias solarengos, de nuvens
brancas, de chuvas deleitosas, de brisas aprazíveis. De paz, serena e longa, eterna nos dias, nas
horas em que precisamos de a encontrar dentro de nós.