Um
grão pequenino, caído na terra.
Veio a
chuva, o vento. Vieram o sol, as nuvens, a chuva e outra vez o vento.
No
segredo da terra, o grão já era rebento, a fazer-se raiz à procura do sustento e
caule em busca de luz.
Nasceu, pequenino, verde, encarquilhado.
O sol
sorriu-lhe e aqueceu-o
Ele
espreguiçou as folhinhas enroscadas no caule e recebeu a luz e sentiu a
frescura da brisa e bebeu do orvalho da manhã.
Confiou
na terra, no sol, na chuva, no vento e deixou que a fizessem erva alta, a crescer
em busca do céu. Frágil, bailando na brisa, depressa se fez forte, sustendo o
esboço de espiga, querendo ser trigo.
E em
redor, milhares, talvez milhões iguais a ela, um mar de verde a brilhar ao sol
e a ondular ao vento. Verde, muito verde, à espera, confiando no sol que haveria
de torná-la seara dourada.
E o
verão chegou. Intenso, quente, luminoso.
A seara,
dourada, bailava na brisa, à calma da tarde.
E a
espiga, crescida baloiçava-se feliz, no topo do fino caule, debruçada sobre a
terra que a fizera nascer.
A erva
alta deixava-se embalar pelo vento e ouvia os grãos a crescerem na espiga, com
ânsia de se fazerem pão. E ela, cansada, sentia uma alegria que não podia explicar.
Seria
o sol? Seria o dourado da seara? Seriam os grãos a crescer?
Não!
Era simplesmente
a vida, vivida, sentida, cumprida!
Deixou-se
ficar serena, à luz da tarde, a saborear essa vida que recebera e agora
oferecia.
E
sorriu, de felicidade, simplesmente por existir.
Nota: Dedico este pequeno texto a Olhares, pelo seu aniversário. PARABÉNS, pelo que é, pelo que escreve e pelo que oferece à vida de todos nós.
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