Há
estradas que nos pedem para ser caminho. Há na sua solidão um apelo de
companhia, com árvores frondosas que estendem os oramos como abraços. Ramos que
atravessam a via e chegam à outra berma num entrelaço que nos protegem da
invasão solar, que nos refresca o olhar. E a passadeira de alcatrão estende-se
longa e convidativa a um percurso sem pressa.
Aqui
e ali, uma curva, um quase embalo. Uma lomba que anima a atenção quase perdida
na contemplação da paisagem, campos verdejantes, arados pela mão humana surgem
alinhados à espera de florir, tão direitinho parece penteados por um pente
gigante, por uma mãe que em gestos graciosos com zelo e amor os tornou mais
belos.
Mas
eis que surge rebelde e inquieto o vento, lança-lhes vigorosos sopros, mas a
mãe natureza sabe como proteger o seu filho campo e sorri dos fracassados
intentos que nenhuma ventania consegue abalar.
Há
estradas que nos trazem de volta ao caminho de que fazemos parte, que nos levam
para longe do reboliço da cidade e nos permitem um reencontro com as nossas
raízes.
Há
estradas que são mais do que um encontro, são o feliz reencontro, connosco, com
a nossa essência, com aquela parte de nós que anda em corrida por estes campos.
Há
estradas e estradas, há as que nos levam
para longe, enquanto outras, as mais belas, são as que nos trazem a um feliz
regresso.
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