Hoje
é dia da terra, esta terra que nos recebe, que nos abraça, que nos embala, que
nos faz viver e de vez em quando, sobreviver. Por que há momentos em que também
ela se zanga. E nessa altura, abana-nos, derrama sobre nós o seu infinito fôlego e os seus ventos tornam-se ciclónicos.
Como
uma mãe a quem, nós filhos, desobedecemos, ergue a voz e reclama as suas seculares razões,
porque as tem e nós muitas vezes esquecemos-nos de respeitar as suas leis. Então
as suas lágrimas tornam-se rios que transbordam as margens, que derrubam
árvores, que levam tudo por diante, arrastam casas, arrasam vidas. E nós
assustados com a sua dor, mitigamos uma estranha orfandade.
Depois,
quando a tranquilidade regressa, quando começamos a caminhar sobre os escombros
de tanta mágoa, lamentamos a sua, choramos a nossa.
Todos
os dias deviam ser dias da terra, para cuidarmos dela como ela cuida de nós.
Enchemo-la de poluição e ela continua a florir, enchemos de lixo os seus rios e
mares e eles continuam a navegar. Queimamos as árvores e elas continuam a
renascer, destruímos o seu solo e ele continua a desabrochar.
Não
somos os melhores filhos mas ela continua a ser uma boa mãe. Porque a terra, na
sua infinita bondade ainda acredita que nós um dia cuidaremos dela como se
cuida de uma mãe idosa que precisa do nosso amparo, que precisa da nossa
gratidão.
Hoje
é dia da terra, que seja o primeiro de muitos, não só para o celebrar mas para
lhe deixar em cada momento o nosso reconhecimento.
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