sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Post.it: O dinheiro não compra...

Conheço pessoas impossíveis de se aturar, pessoas impossíveis de se gostar, no entanto casaram, tiveram filhos, pais, avós, tios, primos, etc. Questionamo-nos com, porquê? Alguns mais pragmáticos, sugerem que são pessoas “interessantes” pelo seu dinheiro. Que os seus bens compram o amor, a dedicação, a amizade e tudo o mais. Será? Custa-me a aceitar que o dinheiro tenha tal poder, mas por outro lado, quando essas pessoas abrem a boca e de lá sai um role de disparates, de insensibilidade, de agressividade, duvido das minhas próprias dúvidas e chego a acreditar que só o dinheiro pode comprar alguma paciência para os aturar, para os suportar.
Olho-os e procuro encontrar neles a criança que foram, estará lá em algum recanto do seu ser? Mataram-na, só pode! Garantem-me. São assassinos da ingenuidade, da humildade, da solidariedade, da esperança, do sonho. Acreditam, têm fé em si, instrumentos de guerra pessoal. E no entanto estes “grandes homens” tão “cheios de si”, que ofendem, que anulam, que usam, que pisam, são pequenos homens. Com gigantes medos, medo de não conquistar, compram, com medo de não receber, rodeiam-se de luxuosos brinquedos, com medo da solidão, compram a companhia. Um dia, mais tarde ou mais cedo, confessam-se “tão inteligente e tão parvinho”. E surpreendidos, vemos-lhes o medo, um medo de tudo e de todos, da vida, da morte. Um medo humano, não de carne e osso, mas de coração, de paixão. A criança que foram, afinal não lhes está completamente “morta”, esteve escondida, assustada, perdida. Nos momentos em que espreita, tem apenas um desejo voltar para lá, para a vida uterina, para antes de nascer, de ser e ter de fingir que não é o que é.
E reconhecem sem o dizer que “ nunca de lá deviam ter saído”. 
Quantos e quantos não estarão a concordar com esta afirmação. Eles e a história da humanidade no seu passado, presente e futuro, unem-se nesse mesmo desejo. 
Porque nós que não podemos “comprar” o seu silêncio, as suas acções imponderadas, os seus erros, as suas guerras, para que não cheguem a concretizar-se, resta-nos outras formas de luta através do medo que nos aumenta a coragem.


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