Como
somos, como nos vêem, a consonância, a discrepância. Apenas o olhar. Um olhar
que nos adora, que nos odeia. Porque lhes somos semelhantes, porque lhes somos
antagónicos.
Apenas
o olhar, mas que nos aproximas, que nos afasta.
São
panos, são cores. Usados mais acima, mais abaixo. Em desalinho que para quem
usa parece alinhado.
Há
quem diga que o que usamos nos define, nos revela o carácter, “diz-me o que
vestes, dir-te-ei quem és”. Ou talvez não. Talvez te enganes, visto de preto
mas não tenho a alma negra. Visto de vermelho e na verdade apesar do meu ar de
festa, sinto-me triste. Por vezes, na maior parte das vezes (confesso) quero
apenas ser aceite. Não é isso que significa andar na moda? Se gosto, bom no
início, não. Mas depois de tantas vezes me cruzar com o mesmo modelito, o olhar
acaba por ficar “conquistado”. Mas passado um tempo, canso-me, e começo a ver o
mesmo por todo o lado e esse “mais do mesmo”, em vez de me seduzir, cansa-me.
Está
na hora de mudar, de seguir outra moda. Quem sabe as calças subam, quem sabe as bainhas das saias desçam. Quem sabe se cubram as pernas e se tape o rabo, já cansa andar a
ver cuecas, mesmo que seja de marca (compradas na loja do chinês).
Mas
tudo isto são apenas “trapos”. Alguns com aspecto de velhos de tão rasgados, de
tão corroídos, “nem para panos de chão os queria”, já dizia a minha avó. Mas
que custam uma “pipa de massa”. Porque têm uma marca na etiqueta, porque são da
loja mais “in” do momento. Mas a verdade dão um ar completamente “out”.
Mas
o que importa para uns é estar “cool”. Para outros o que importa é sentirmo-nos “cool”, mesmo
que nos digam o contrário, que nos olhem com desdém, estamos bem connosco e é
connosco que temos que viver, adormecer, acordar, crescer e aprender. Sem cair
em narcisismos, em ou exacerbadas vaidades.
Bom
seria que nos vissem para além das aparências, que chegassem mais perto, que
não cedessem à tendência de criar inibidores rótulos. Que nos tocassem, humanos
e não bonecos produzidos por uma sociedade de consumo imediato. E depois, que
nós, fossemos nós, sem seguir modas só porque “sim”. Afinal, não precisamos de
chocar, de conquistar, de chamar a atenção,
de sermos aceites. Precisamos unicamente de nos sentirmos bem na nossa pele,
nos nossos trapos. Porque as modas mudam, nós permanecemos.
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