Será que isto vos diz algo? Gostava que sim,
que já tivessem sentido este sentimento, esta tranquilidade que os torna quando
em nós vividos, verdade.
Fazer anos, somar aniversários, festas
lembradas ou esquecidas, não é isto que nos torna melhores, mais sábios. Quando
muito torna-nos menos “surdos” ao que nos rodeia, ao que é realmente
importante.
E o importante, descobrimos um dia, é a
tranquilidade com que vivemos cada dia, sem questionar o seguinte. Cada degrau
daquela velha escada que já subimos e descemos tantas e tantas vezes, hoje cansa-nos
mais, é verdade, mas vejamos pelo lado positivo, obriga-nos a subir de forma
pausada, apreciando a paisagem e a descer admirando o horizonte.
Vamos perdendo… mas também ganhando…
sobretudo vamos adaptando-nos, ao fim de algum tempo já sem queixumes e até,
quem sabe, achando graça, à “desgraça” que é deixar de ser como eramos há 20
anos, mesmo quando nessa altura já tínhamos mais de 20 anos de existência.
A memória, essa leal mas também traiçoeira
amiga, que um dia nos contará outras histórias, sobretudo as mais belas. Não
sei se mais belas porque o tempo lhes conferiu encanto ou se foram realmente
inesquecíveis. Muitas, poucas, que importância isso pode ter, quando se tem o
suficiente e esse suficiente nos basta para sermos felizes
Vai-se-nos enevoando a visão, ela que nos
encheu o olhar de tantas aventuras e tantos deslumbres, fechando os olhos, passamos
a ver cada vez mais com o coração.
Também as forças vão diminuindo, já não
erguem os filhos, quase que nem os netos, mas que ainda amparam e sobretudo
acarinham com mais doçura.
E todos os anos, em que buscamos nas amizades
uma harmoniosa companhia, descobrimos a melhor, paciente, silenciosa, que esteve sempre connosco, a nossa.
Afinal não precisamos de conquistar o mundo,
apenas necessitamos do nosso mundo.
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