Quem me dera ser como tu, penso nisto desde
que te conheço, como tu a quem tudo acontece, tudo o que te poderia roubar a
felicidade, apagar o sorriso, afogar o olhar, mas não, tudo te ergue mais
forte, mais serena. Como se cada tempestade, fosse apenas o caminho impulsivo
para chegar mais longe. E chegas, chegas sempre, com a mesma e sempre renovada
placidez.
Invejo-te, e temo a minha inveja, não quero
ter semelhante destino, mas ambiciono por similar coragem. Onde, pergunto-me,
pergunto-te, onde vais buscar tanto ânimo, tamanha bravura, para arregaçar as
mangas e revelar uns braços sem músculos, com nódoas negras, que não doem, “já
não doem”, mas contam histórias, “foi quando evitei a queda de alguém que me é
muito querido”. Foram dores, que nem chegaram a doer, porque evitaram outras
maiores.
Como consegues, recomeçar cada manhã?
Adormecer em cada noite?
“Sendo mais forte que a minha maior desculpa”
E os anos, sim os anos, que levam anos a
passar, pesados, demasiado para tão fraca estrutura humana, como consegues
trazê-los a cada hoje, sem formares rios, sem te afogares nos teus mares?
"Aprende-se, aprende-se tudo, até a condensar
numa só gota, todas as lágrimas do oceano".
Não lhe pergunto mais nada, embora, queira
ainda, tudo aprender.
Quem me dera ser como tu, dar valor às coisas
pequenas e boas, desvalorizando as
grandes e difíceis de superar.
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