
Porém,
devo confessar com alguma nostalgia que tenho pena que estas conversas comecem
a rarear, que cada vez mais cresça o silêncio, a distância entre companheiros
de viagem. Mas vão surgindo outras que me chegam em mono, porque apenas ouço um
dos interlocutores enquanto o outro unicamente o adivinho do outro lado da
rede, algures na cidade, no país, no planeta. Mas quando há conversas entre
duas pessoas presentes, que se olham cara a cara, não deixo de lhes prestar
alguma atenção. Aqui fica um pequeno excerto, aquele que me interessou.
“ - Mas tu ofereces para receber?” Perguntava alguém com ar de quem tudo sabe e por isso sente-se no direito de tudo criticar. O tom soou tão reprovador que de imediato a outra pessoa, que por um breve momento intentou responder num culpado encolher de ombros de assentimento positivo, o que podia ser interpretado como uma quase “ fraqueza humana”, perante aquele tom e olhar gravemente recriminatório que olharam os seus de forma desafiante, de imediato endireitou a coluna numa atitude de esforçado brio e com o orgulho ferido e puxou pelos valores civilizacionais (porque ainda há quem os tenha) e respondeu com falsa firmeza.
“ - Claro que não, dou sempre sem ficar à espera de receber algo em troca."
“ - Mas tu ofereces para receber?” Perguntava alguém com ar de quem tudo sabe e por isso sente-se no direito de tudo criticar. O tom soou tão reprovador que de imediato a outra pessoa, que por um breve momento intentou responder num culpado encolher de ombros de assentimento positivo, o que podia ser interpretado como uma quase “ fraqueza humana”, perante aquele tom e olhar gravemente recriminatório que olharam os seus de forma desafiante, de imediato endireitou a coluna numa atitude de esforçado brio e com o orgulho ferido e puxou pelos valores civilizacionais (porque ainda há quem os tenha) e respondeu com falsa firmeza.
“ - Claro que não, dou sempre sem ficar à espera de receber algo em troca."
Sorri
por dentro, chorei por dentro, porque eu, eu humana, frágil, sensível, sincera,
verdadeira e cheia de coragem de o ser, que me perdoem se tudo isto é defeito,
sim, confesso, dou e fico ansiosamente à espera de receber.
De
receber, tão somente, a ternura de um sorriso.