
Não porque o escolhemos, mas porque fomos
escolhidos. Faz parte do que somos, esta necessidade de estar, de voar para
longe de tudo e ficarmos mais próximos de nós. Às vezes, mas só mesmo muito às
vezes, bem que nos apetecia que alguém viesse desarrumar a nossa vida, desordenar
os nossos sentidos, um a um até só restar como primordial aquele que nos olha
de frente como um abismo, quem sabe para mergulharmos, se ao menos tivéssemos
coragem, de morrer, de renascer…
Mas não, o silêncio já nos
chama e nós como um filho do mar e da onda deixa-mo-nos ir nesse embalo, porque
sabemos que nada é tão bom, tão doce, tão terno quanto esse abraço. Só tu me
permites ser o que sou. Só tu entendes os meus silêncios, já os conheces, dizes
que até já “gostas deles”. Porque tu, tal como eu, sabes, que fazemos, um impar
perfeito.