(Sou
um ladrão, prendam-me. Roubei suspiros, assaltei corações. Furtei sonhos.
Menti, sim menti, enganei, mas foi tudo por Amor. Acreditem!
Mas
quem acredita num larápio de ilusões. Quem dá ouvidos a quem planta saudades
nos seres mais incautos depois de lhes ter revelado o caminho suave da
felicidade. Porque, sim, sou um malandro, daqueles que tem boas falas, gestos
mansos, olhar envolvente e palavras que fazem voar os sentimentos. Surripiei
beijos, rapinei desejos. Saquei vidas vazias de paixões. Defraudei fantasias.
Gamei-lhes a paz, essa paz que tanto apregoam quando no fundo, bem lá no fundo
das verdades omitidas, queriam muito conhecer o idílico sentimento amoroso.
Neguem, neguem se puderem, envolvam-se em falsos pudores, mas foi no meu leito
de ondulantes madrugadas que desposaram em mim os mais ternos recatos.
Chamem-me todos os nomes que só um marialva deve escutar, mas depois, mesmo que
seja muito depois, sequem as lágrimas de orgulho ferido, de ego magoado e
reconheçam que fui a história mais complicada e mais ditosa que viveram.
Reconheçam que o mar é lindo quando está pacifico mas, quem resiste à atracção
de mergulhar nem que seja unicamente com o olhar nas mais fortes tempestades. Quem
resiste a arriscar a vida por quimeras que se derramam pela margem e sucumbem
na areia, foi feliz, foi doloroso, talvez, mas pela viagem repetiam uma, mil
vezes...
Prendam-me,
condenem-me ao cárcere por mil anos. Assumo, sou culpado, sim sou culpado,
porque amei!)
Merece
a liberdade quem ama, todas as vezes que o seu coração abraçar o sentimento.
Merece a liberdade quem se entrega sem medo do futuro. Merece a liberdade quem
rompe com as fronteiras do tempo e acende em alguém centelhas de eternidade.
Condenados
sejam os “juízes” que nos fazem prisioneiros do infortúnio em nome de uma
felicidade ausente de emoções. Condenados sejam aqueles que não sabem amar.