Subir, ir mais acima,
mais longe,é um sonho antigo da
humanidade – conquistar o alto céu e alcançar as distantes estrelas .
Mas será também o
meu? Será o teu? Será o nosso sonho?
Talvez. Porque eu e
tu, nós, somos humanos e queremos o que a humanidade quer, nascemos nela,
caminhamos com ela e vamos aonde ela for.
Porém, a profundidade do firmamento e o chamamento do brilho longínquo não podem distrair-nos e impedir-nos de chegar ao nosso céu e apreciar a luminosidade das estrelas que cintilam perto de nós:
. uma
semente a germinar
. uma
flor em botão
. uma
fonte a jorrar
. uma mão
estendida
. um
sorriso aberto
. um coração
magoado
. um
olhar inquieto
. um choro
de criança
. um riso
de mulher
. uma
lágrima a cair
. a
gargalhada dum palhaço
. as
palmas do público
. e até
um grito de dor
As estrelas somos nós: eu, tu, ele, ela, eles, nós, isto e aquilo…
O céu, em azul,
cinzento, carregado de nuvens, desfeito em aguaceiros ou zangado de trovões e
granizo, nasce do coração, faz-se de palavras e emoções e gestos, envolve-nos
e cerca-nos, enche-nos e, às vezes, desfaz-nos.
O céu é o azul
inesperado e surpreendente e é também o cinzento ameaçador e o negrume
avassalador.
Pode ser subida,
escalada, ir mais acima, chegar mais longe.
Mas quantas vezes é recuo
e precipício sempre a cair mais fundo e mais fundo?
É por isso que
existem as estrelas. Para iluminar, guiam, guardar e encher o azul profundo de
sinais, transformando-o em tonalidades de dádiva e esperança, em caminho que tão depressa é largo como estreito, íngreme ou plano, tantas vezes infinito
e outras tantas sem saída que se vislumbre. Mas é caminho e há-de conduzir-nos ao céu e às estrelas.