Que me despertaste dos sonhos que a noite me ofereceu. Que me invadiste de luz solar a penumbra do meu quarto. Que o galo anuncia como se tu fosses a sua maior alegria.
Que me abriu os olhos ainda raiados de sono.
Que me acordou o corpo envolto numa doce névoa de preguiça. Murmuro um ressentimento de cansaço e desilusão. Acuso a invasão não consentida do meu espaço e do meu sonhar. Aconchego-me envolta ainda de torpor. Mas o galo insiste no seu chamado, exige-me uma energia que ainda não acordou.
Levanto-me hesitante, lanço um saudoso olhar ao leito de conforto, transporte para o reino da fantasia nocturna.
A cascata de água promete levar consigo os resquícios da preguiçosa dolência. O pijama abandona-me, entristece-me com a sua partida, ultimo reduto que me liga ao sonhar. O café a fumegar traz-me por fim a vontade de um começo. Traz-me o desejo de um novo dia. Os passos encaminham-se para seu o destino. Fecho a porta, adeus, manhã, estou pronta para o dia.
As minhas manhãs começam cedo, não porque as obrigações a isso me obriguem. Estou aposentada, os filhos já seguiram o seu rumo. Nada me desperta, nem o galo. Apenas o final do sono, que muitas vezes nem é sonho. Porque já sonho pouco. Já durmo pouco. Apenas o que o corpo me pede. Ele passou a marcar o ritmo da minha vida. Mas gostei do seu texto, e tive saudades dos tempos em que tinha horários para tudo, levar os filhos à escola e chegar a horas à minha escola. Sempre a desejar o fim-de-semana e as férias para quebrar a rotina das manhãs. Um grande beijo, Adelaide
ResponderEliminarAi as manhãs! deviam começar ao meio-dia. As manhãs deviam ser lentas sem chefes cheios de energia e colegas cheias de queixas. Será que eles não dormem? Como é possível já chegarem com tal dinamismo. Fico cansada só de os ouvir… Bjs Leonor
ResponderEliminarQuem me dera que fossem assim os meus despertares. Em vez do galo tenho duas crianças a gritar-me aos ouvidos. Não tenho tempo para despedir-me do vale dos lençóis, porque a correria começa ainda antes de abrir os olhos. Sou literalmente arrancado aos sonhos para um doce e ternurento pesadelo. Há dias em que me apetece resmungar mas depois olho para eles e penso que tudo isto passa tão depressa que o melhor é aproveitar. Bj, José
ResponderEliminarÀs vezes não é preciso escrever longos discursos para dizer muito. A tua escrita é a prova disso. Sintética, clara, sensível e cheia de conteúdo. Por isso estou aqui todos os dias. Para “beber” um pouco da tua inspiração. Como a abelha que beija a flor.
ResponderEliminarEsta encaixou-se mesmo no meu estado de espírito em todas as manhãs. Mas levo muito mais tempo a despedir-me dela. Só depois de 2 cafés e do teu post.it:. Bjs, Amália
ResponderEliminarComo sabias que era assim o meu amanhecer? Longo, lento, entre o desejo de regressar ao sonho e o enfrentar a realidade. Bj. Rui
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