O
tempo tem cor, a cor do nosso sentir. Tem tons claros quando é um tempo feliz,
tem tons escuros quando o sentimos pesarosamente infeliz. Mas e o tempo, aquele
que nos foge? Aquele que parte de nós com asas de vento e quase só nos deixa um
aroma de saudade? Que cor tem o tempo que foge?
Imagino-o cor-de-rosa, um
colorido cada vez mais fantasiado porque a memória o vai esquecendo nos factos
concretos mas enriquecendo na composição dos detalhes. E nesse tempo que nos
foge passa a haver todas as cores num arco-íris onde cada história da nossa
vida mesmo até aquelas mais tristes ganham contornos de sorrisos que substituem
as lágrimas, ganham laivos de ternura apagando de vez todo e qualquer resquício
de mágoa.
Porque
o tempo, afinal não foge, apenas segue nas suas curvas e regressa para nós mais
bonito do que quando partiu, aprendeu a valorizar cada momento, a apreciar cada
instante, a enaltecer o que há de bom e a esquecer o resto. Assim em vez de nos
entristecermos pelo tempo que foge devemos aprender celebrar cada tempo que
chega oferecendo-nos toda uma renovada palete de cores primaveris mesmo que
seja outono ou inverno.
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