Quando
fazemos mudanças de casa há sempre muito por arrumar, por deitar fora. Coisas
que escolhemos levar, coisas que excluímos, afinal, sem nos darmos conta, ao longo dos anos fomos acumulando tralha que agora não nos serve para nada, outras já tiveram o seu uso avariaram mas por uma questão de valor emocional guardamos, quem sabe um dia ainda terá arranjo.
É o bom das
mudanças, esta arrumação, esta selecção, sobretudo quando é feita por nós, com
tempo, com consciência, com vontade de lhes dizer adeus, com vontade de
recomeçar.
Mas há
mudanças que nos impõem, que não queremos, que nos são dolorosas porque nos
impedem de despedir de um tempo passado e nos obrigam a encarar sem preparação um
tempo futuro. Mudanças onde não nos deixam levar as coisas que nos aconchegam,
objectos que nos trazem gratas memórias, um pouco da nossa história aqui para
ter continuidade ali.
Não sabemos
bem o que sentir, reclamar, agarrar e defender o nosso (urso de pelúcia)? Não!.
Somos pessoas crescidas aprendemos a conter as nossas mágoas, a transformá-las
em aprendizagem e a vida ensina-nos que podemos levar todas a nossas coisas,
que ninguém nos pode impedir de as levarmos connosco se as guardarmos bem
aconchegadinhas num lugar bem seguro, o coração.
Aí, cabem
todos os objectos que gostamos, todas as plantas que cuidamos, todos os livros,
quadros, fotos, tudo, mas mesmo tudo. Mesmo que sejam velhos, que estejam
estragados, mesmo que não estejam de acordo com a decoração do novo espaço. O
coração não escolhe modas, idades, raças, credos, estatutos, simplesmente não
escolhe, ele só sabe generosamente e humildemente, amar.
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