
Mas
se antes tinha uma certa avidez por aprender, como se o não saber me condenasse
à exclusão, hoje prefiro aprender devagar, para que o que se aprende fique a
maturar, a ganhar consistência e não seja como muitas aprendizagens que fazemos
e que ganham asas antes mesmo de deixarem em nós a construção de um ninho para
o futuro. Hoje dizer que não sei, em vez de me dar tristeza, enche-me de
orgulho, porque é um não sei causado pelo esquecimento, mas antes o
reconhecimento do tanto que ainda tenho por aprender.
Aprender
com os mais velhos, aprender com os mais novos, na diferença de coisas que nos
transmitem e enriquecem os nossos dias. Com os mais velhos aprendi a construir
caminhos de paz, de solidariedade, de apoio, de companheirismo, de cooperação e
de renuncia, de desvalorização, tempestades, se as houver que surjam nos
oceanos e não em (copos de água). Com os mais jovens aprendi a abertura, a
receptividade, a esperança, a confiança, o viver cada hoje sem me preocupar
demasiado com o construir do amanhã.
Às
vezes apetece-me dizer, “não sei, nem quero saber”, não quero saber, de
violências, de mortes, de corrupção, de injustiças, de ingratidão, de
indiferença, de egoísmos, de guerras, de políticas, de ditaduras, de tudo o que
nos afasta de nós humanidade e nos transforma em desumanização e solidão. Não o
digo por cobardia, por desinteresse, por medo…
Digo-o
por tristeza, por um sentimento crescente de impotência, por me sentir tão
pequena e por reconhecer que nada, mas mesmo nada sei para (curar) o mundo da
sua ferida existencial. Se houver alguém que saiba, ensine-me, acreditem, quero
muito aprender!
Sem comentários:
Enviar um comentário