Sabem
aquelas frases de sabedoria popular? Cresci com elas, como se fossem
professores de moral, de educação, de formação. Aceitei-as, segui-as, aprendi, repeti-as até à exaustão. Não por dificuldade
em memorizar, mas por dificuldade em encontrar-lhes sentido maior do que o
imediato, aquele que nos entra pelos ouvidos, que nos dança com os pensamentos
uma melodia que vai ganhando coerência. E de repente torna-se caminho ladeado
de muitos e por vezes estreitos limites.
A
dada altura os limites, tornam-se sufocantes, asfixiando-nos o sentir. Estava
na altura de voar, de superar o mestre, de criar a minha aprendizagem empírica,
de cair, de me levantar, esfolar os joelhos.
Experimentar
a teoria e perceber a pequenez dos seus horizontes, a diferença que faz o que
diz o outro e o que acontece connosco.
Não
que acredite que a nós nada de mau sucede, não sou tão positiva a ponto de
acreditar que tudo só acontece aos outros, bem, por vezes, a felicidade
bate-lhes à porta, quando nem perto da minha passa, mas é melhor parar, porque
isso leva-nos por outros labirintos discursivos.
Foi
então que percebi que nem tudo é como dizem, que tudo pode ser distinto, que
temos a oportunidade de fazer diferente, de fazer melhor, mesmo que o resultado
não seja o almejado.
Mas
já lá dizia o meu chefe, “é mais importante tentar do que conseguir”. Bom, não
sei se é bem assim, porque havia coisas que tentava fazer sem conseguir e ele
dizia-me logo, “pronto, pronto, deixe lá
isso, amanhã chama-se o pedreiro, não faça mais buracos porque senão ainda fico
com uma janela para a casa do vizinho,
eu só lhe pedi para pendurar um quadro!...”.
Mas
cá se fazem, cá se pagam, pensava de imediato. E ele pagou, a conta do
pedreiro, quem o mandou dizer-me para fazer coisas que não são o meu ofício?
E depois ainda acrescentam que trabalhar dá
saúde?
Que saúde? Contraturas por estar a trabalhar
no computador? Tendinites por usar o mouse? Hérnias por carregar caixas e
livros. Stress porque nos dão tarefas hoje para estarem prontas (ontem)?
Felizmente existe o livre arbítrio.
Onde cada um tem o direito de fazer o que
quiser com a sua vida e escolher o seu caminho.
Mas não esquecer de ler as letras pequenas do
contrato civilizacional,
desde que isso não prejudique ninguém.