Escreviver, gosto desta palavra, expressão do meu existir,
porque sim, escreVivo, hoje agora, para, quem sabe, permanecer viva. Viva na
tua memória, mesmo que apenas em tom de história. Porque confesso, tenho medo
de morrer, não de perder a vida, mas de me perder de ti, que me esqueças. Que
deixe de ter um lugar na tua vida, no teu coração, onde gosto tanto de me
aconchegar nas noites de inverno e acreditar que não é o frio que nos une nesse
abraço, mas o desejo de que as primaveras continuem a florir-nos em cada
amanhecer.
Tenho medo que um dia tudo isso acabe, que os sentimentos
nos abandonem, que a paixão nos seja uma onda que perece na praia e, que de
repente, a minha vida se transforme num árido deserto e eu, apenas uma ilha,
rodeada de solidão.
Escrevo, numa corrida contra o tempo, um tempo marcado pelo
bater do coração, e se o teu se descompassar do meu, seguindo outro ritmo,
outro rumo? Talvez consiga na escrita encontrar as palavras que te desenhem tal
como te sinto e mesmo que toda a beleza um dia finde ao olhar, na escrita ela
ficará, eternizada como uma pintura com os suaves traços de um aspirante a
Renoir na força das palavras.
Triste ambição a minha, porque sei que nunca te poderei
aprisionar nas linha de uma pálida folha.
Nem tão pouco te posso deter porque és como água que escorre por entre os meus
dedos, livre de seguir o seu caminho
para o mar por entre rios que te afastam de mim.
Outras vezes sinto-te
fugaz como uma ave que abre as asas e enceta um voou rumo ao horizonte e nele
se torna luz, depois sombra, e por fim ausência.
Por tudo isto tenho medo, não que vás e não regresses, mas
que quando fores não me leves e quando regresses não me encontres dentro de ti.
Então calo as palavras, rasgo a escrita, risco cada traço, tudo
isto são apenas grilhões e tu mereces toda a leveza que me vai no coração. Calo
a razão e confesso a este silêncio que me é fiel, tenho medo, muito medo, de
viver sem o teu amor…
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