Não
sei o que é feito de ti, de mim, em resumo, ando por aqui. Uns dias melhor,
outros pior. Há dias de chuva, há dias de sol. Há dias cheios de histórias,
acontecimentos que à noite, apenas quero esquecer no dormir. Há dias em que
acontecem coisas tão boas, que à noite não quero adormecer, para não esquecer.
Há dias em que me questiono sobre o objectivo do existir, sobre mim, sobre os
outros, sobre a diferença, sobre a indiferença. Há dias em que sinto que sei
todas as respostas e isso tranquiliza-me, por outro lado que sobre as que não
sei, simplesmente aceito a forma como são e sigo em frente. No fundo a vida é
isso mesmo, seguir em frente com maior ou menor dificuldade.
Há
dias em que sinto que nada me derruba, sento-me imortal, construtora da minha
vitória, sabe bem esta confiança quase inabalável, esta fé, esta coragem, esta
alegria, esta… hesito um instante para a nomear e concluo num desabafo, esta
felicidade!
Sim
porque sou feliz, nesses dias, nesses momentos e celebro o sol por entre a
chuva e as flores por entre os espinhos.
Mesmo
que amanhã tudo seja diferente. Que o amanhã me roube este sentimento, que
venha qual ladrão voraz e queira alienar-me do hoje, do ontem, daquele momento
quase mágico, quase perfeito, ainda que essa força negativa venha usurpar as
minhas recordações, tenho o agora, e ele está guardado em segurança dentro do
meu coração.
Não
sei o que é feito de ti, se ao menos, me deixasses cuidar de ti, se ao menos viesses cuidar de mim, se
chegasses envolta de num manto de luz e
amizade para me contares os teus segredos, aqueles que te fazem rir ou até
mesmo os que te fazem chorar. A amizade é isso mesmo, a partilha de momentos de
luz e de escuridão, se viesses, sei que os meus dias ficariam certamente mais
completos com os teus…
Porque
na verdade, sinto-me sempre incompleta, nesta ilha singular que nos vamos
tornando.
Por
companhia, as ondas do mar, os cais vazios, os barcos de redes lançadas, os
pescadores sem horizontes, os navios fantasmas mergulhados no oceanos, os
peixes em cardume, mas, por vezes ouço ou a minha solidão pensa ouvir o canto
de uma sereia… De
novo a realidade, uma gaivota irmã solta gargalhadas às asas da minha
imaginação e eu batendo asas, procuro uma corrente de ar para fugir, para me
encontrar...
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