Há
dias que são… com os descrever? Absolutos!
Dias
que nos são inteiros, que nos preenchem, que nos são bons, quase perfeitos e,
só não o são porque nós, humanos, achamos que a perfeição é algo que está
sempre mais além, que nunca a conheceremos, por isso, mesmo quando nos cruzamos
com ela, não a reconhecemos, e continuamos com o nosso olhar sempre no
longínquo.
Mas
mesmo assim, reconhecemos esse dia, respiramo-lo com calma, devagar, com
prazer, como quem prolonga até ao infinito aquele sopro de ar em forma de
suspiro. Não, não é saudade, não é tristeza, é um suspiro de gratidão à vida e
se não for na sua totalidade, até porque há dias bons e maus, agradecemos este
dia, que nos é absoluto.
Sentimo-nos
vivos, como se todas as células do corpo despertassem e corressem em plena
alegria para uma festa estival. Há como que primaveras a despontar e cada
recanto da alma. Nesse dia que se for inverno nos surgirá radiante de azul
imáculo de nuvens. Mas se for verão, haverá nele uma brisa de outono para
limpar as folhas secas e já sem função do nosso pensamento.
Quando
o lusco-fusco se aproxima, recebemo-lo de sorriso aberto, porque o entardecer
não é triste, este é um entardecer que rima com enternecer como se tivesse
braços estendendo-se para carinhosos abraços do quase noite.
Porque
nesse dia, até a noite é perfeita, na
sua luminosidade, no seu manto aconchegante de estrelas, no seu luar, no seu
reflexo espelhado no mar, no cais onde adormecem os barcos, no leito onde a
tranquilidade tem sabor de vitória e o prémio é a leveza de um sonho que nos
faz voar em mundo onde o absoluto acontece todos os dias. Quando a realidade
nos despertar, sorrimos, talvez o hoje não seja tão absolutamente belo como
ontem, mas tem a singularidade de ser a ponte por onde passamos para o acordar
de todos os amanhãs.
Sem comentários:
Enviar um comentário