“E
se não acordar?” perguntam-me. (Maravilha das maravilhas), penso sem
verbalizar. Ficar para sempre a sonhar e ninguém saber que sonho, sem o
interromper. “Mas e o que fica por dizer, e o que fica por fazer?”. Se não se
disse em algum momento, se não se fez em altura alguma, então, não era para dizer, não era para fazer, nem
que nos fosse permitido viver mais 100 anos.
E,
confesso, é tão bom ficar anestesiada, nada sentir, nem dor, nem mágoa, nem
alegria, nem tristeza.
Mas
e se acordar? Se voltar à realidade sem sonhos concretizados? Aos dias de chuva
que me inundam o coração? Às noites sem luar que me escurecem os pensamentos?
Posso pedir mais um pouco de anestesia? Posso voar mais um pouco? Posso fugir?
Posso lá ficar sem ter de regressar?
E
o que fica por dizer, e o que fica por fazer? Ora, depois penso nisso. Tenho
tempo. Quando voltar. Quando acordar. Quando deixar de sonhar, de acreditar.
Agora,
feche os olhos e conte.
1, 2, 3…
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