O
futuro foi ontem, e eu estive lá, com todos os desejos, com todas as lutas, com
todas as vitórias e alguns fracassos. Sei
como foi o futuro, porque o plantei, porque o cuidei, é verdade que nem sempre
é o suficiente para que resulte em sucesso, há elementos que não controlamos,
que nos escoam por entre os dedos em rios de vida. E tudo o que idealizámos, de
repente segue um rumo diferente ou simplesmente não nos acontece.
O
futuro que não se concretiza torna-se passado que arrumamos nos confins da
nossa existência. De vez em quando revisitamos essas memórias, abraçamos com
carinho aquelas que nos deixaram algumas saudades.
Porém,
é uma visita que se quer breve, para que
não nos prenda na análise magoada do que foi, do que poderia ter sido, porque
não foi, porquê. Porquê?
Não
há resposta, nunca houve, além disso, à porta, o futuro clama por nós, exige a
nossa atenção, dedicação, antes que também ele se torne passado repleto de
dúvidas, de arrependimentos, de saudades que nos impedem os passos. E depois,
como já dizia o meu avô na sua filosofia arrancada à aridez do solo no trabalho
de sol a sol, “o tempo não espera e cada
minuto perdido, é um minuto não vivido”.
O
futuro foi ontem, o hoje é a sua materialização e o amanhã a recolha do fruto.
Mais doce, mais amargo, consoante o grau de amenidade que caracteriza cada uma
das suas moléculas de vida.