Li
algures esta frase, era uma anúncio publicitário não reparei sobre que produto, fixei-me na ideia, fez-me,
pensar. É habitual ouvir esta expressão para as desculpas, para coisas
negativas. Queremos evitar as saudades? Talvez, algumas, especificamente essas
que nos marcaram não pelas melhores razões.
As
saudades evitam-se. Como? Vivendo cada momento como se não existisse amanhã.
Sentindo a vida em pleno, dedicando a sua atenção a cada instante. Tocando cada
coisa como se fosse a primeira vez e a última. Abraçando outras vidas nem que
seja com o olhar embora saiba melhor se for com o coração. Não adiando nenhuma
decisão, nenhum gesto, nenhuma intenção. Fazendo tudo, mas tudo o que está ao
nosso alcance. Tudo, mas tudo o que podemos fazer, até nos sentirmos plenos de
vida, até sentirmos de inteira e pacifica consciência, se por acaso as coisas
não aconteceram de outra forma não foi culpa nossa, não foi por preguiça
física, mental, social, não foi por negligência, nem tão pouco por abandono do
que poderia ter sido e não foi. Se assim decorrer não nos fica a sensação de
culpa nem tão pouco a de saudade. Essa saudade incumprida, essa saudade que
deixou de ser vivida e que nos deixa por vezes uma mágoa, como se de uma ferida
se tratasse, que dói sem sabermos bem qual a causa. O tempo se encarregará de a
tratar ou melhor, camuflar. Porque ela fica lá, doendo de mansinho no corpo, na
alma, na sensação de incompletude. Cresce como uma saudade de nós, do que
poderíamos ter sido, do que poderíamos ter dado, do que poderíamos ter vivido…
São
essas saudades que se evitam porque, dependem unicamente da nossa vontade, do
nosso querer. Quanto às outras saudades, essas que nos enchem de boas
lembranças, essas nunca devemos evitar, devemos criar muitas. São as nossas
pequenas ou grandes memórias que se tornam alicerces vivenciais, que
marcando-nos definem-nos no melhor que somos. São o nosso caminho, feito não
das quedas mas da forma como nos reerguemos. Não de finais mas de todos os
começos, das esperanças, das expectativas. Não dos fracassos mas da forma como
chegámos a cada vitória. Saudades, ai saudades, da infância divertida, da
adolescência apaixonadamente sofrida. Do crescer, do aprender, dos encontros e
até dos desencontros. Saudade não do que poderíamos ter sido, mas do que fomos,
em boa verdade, do que somos.
Uma
saudade que não dói, antes cura, encoraja, fortalece e nos faz continuar a
somar muitas e novas saudades, das que
nos orgulhamos de sentir. Das que não queremos nunca evitar.
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