Levamos
uma vida inteira em busca de algo. Damos-lhe um nome: Felicidade. Procuramos em
cada dia, em cada hora, em cada estrada,
em cada esquina da vida, em cada noite desperta, em cada luar apagado. Em cada
criança que nasce cheia de esperança, a sua, a nossa.
Procuramos em cada sonho dormido, em cada
fantasia acordada, em cada desejo, em quase tudo, em todo o nada.
Buscamo-la
na fé, seja de que religião for. Buscamo-la nos outros, em nós. Buscamo-la no
amor, por vezes até a buscamos na solidão.
E
quando, um dia, adormecemos para a vida, quantas vezes e quantas vezes é uma partida
marcada pela angústia de nunca ter encontrado esse algo, a que demos tantos
nomes, o de pessoas, de lugares, de sorte, de um querer com tantos momentos em
que quase, mas apenas quase, vislumbrámos esse ideal de perfeição com que somos
brindados se o nosso caminho a ele nos conduzir.
Mas
será assim, mesmo assim? Já vi pessoas maravilhosas viverem num contínuo
inferno, já vi pessoas pérfidas viverem no mais plácido céu.
Onde
está a justiça, o reflexo das nossas acções? Questionamos, uma, mil vezes.
Cometemos um erro de lógica, quando nada na vida segue uma lógica na espera de um eco que não se propaga.
Está
mais do que na hora de deixar de procurar, deixar de esperar, para que a vida,
tal como existe nos aconteça, e a vivamos sem questionar, sem revolta, sem
comparação com o que poderia ser e nunca é. E a felicidade que procuramos como
se fosse o mais precioso diamante, nada mais é do que pequenas gotas de orvalho reflectindo o sol da madrugada. “Só a realidade existe, só a verdade nos assiste.
E a felicidade é de quem não desiste, de
viver a alegria de ser triste”.