“As lágrimas lavam os olhos e limpam
a alma!”
Um ditado, como tantos outros.
Às vezes verdade outras nem tanto.
Às vezes verdade outras nem tanto.
As lágrimas deixam os olhos
salgados
Vermelhos, inchados
Vermelhos, inchados
Ardidos e doridos pelas lágrimas que
os lavaram.
E a alma?
Uma lágrima chama outra e outra e outra
Tantas, tantas !
Um pranto de profunda dor
Um pranto de profunda dor
que deixa cair em lágrimas
os gritos que não pode gritar
as revoltas que minam e tem de calar.
os segredos que doem e não pode
contar.
E a alma?
Fica limpa de tanto chorar?
Deixa cair a dor em pingos de sal a rolar
Mas não limpa, esvazia!
Porque são gotas de esperança a fugir
que deixam a alma pequena e
a fazem mirrar.
E quando o pranto se cansa e se
esgota o chorar
Secam-se as lágrimas e fica apenas o sal
Tornam-se mágoas com arestas de cristal
Tornam-se mágoas com arestas de cristal
Que se escondem e fingem sarar
Mas rasgam, cortam e abrem feridas que
nunca vão fechar.
As lágrimas não aliviam nem curam
Só cansam os olhos
Estalam a pele
E nem impedem o coração de estoirar!
E nem impedem o coração de estoirar!