Desculpem-me a falta de ética, de estética, de fonética, de poética, mas é assim que me sinto. Não, não é o síndrome pós-férias, nem sequer depressão, é antes uma espécie de controvérsia interna, quando nos sentimos arrancados a um tempo e atirados para outro completamente oposto.
Fico então a perguntar-me, como vou adormecer sem o som do grilo que me embalava o o sono? Como vou despertar sem o cantar da pomba aninhada no topo da chaminé? Como me vou espreguiçar sem a sonância matinal das ondas?
Como vou distender os pulmões sem a brisa dos pinheiros numa fusão adocicada com as figueiras e um rasto de mar?
Como vou caminhar perdendo o rumo dos passos nesse macio areal. Como vou encher o olhar de horizontes de azul, desse sol que tão cedo me convidava a recebe-lo no corpo e na alma.
Hoje num contraste quase agreste, acordei ao som do despertador, ao longe uma buzina de carro gritava a urgência do dia em começar. O ar cheira a monóxido de carbono, a perfume de marca indefinida, a tabaco fumado à velocidade do relógio.
Saio do torpor das férias, mergulho na multidão, confundo-me com ela, sigo-lhe o compasso apressado.
O sol esconde-se, espreitando aqui e ali por entre os prédios, sem espaço para manifestar o seu esplendor.
Olho para trás, na esperança de ainda encontrar o último vislumbre de azul, de uma brisa de mar. Lembro-me de repente que ficou lá, quem sabe, um dia regresse ao seu abraço.
Sacudo a lembrança, afasto a saudade, enfrento o dia, caminho para o futuro, aquele que me levará de novo ao seu encontro.
Porque afinal, somos feitos de sonho e de vida.
Bem-vinda amiga, já tinha saudades das tuas mensagens matinais. José
ResponderEliminarO regresso das férias é sempre assim um arrancar do paraíso. Bjs, A.
ResponderEliminarQue bom regresso a este espaço, que já estava demasiado vazio pela sua ausência. Gostei muito de a receber, depois de me deliciar com o seu post.it, apeteceu-me abraça-la como se já fosse da família. Obrigada. Um beijo, Adelaide
ResponderEliminarRevi-me em cada palavra, em cada sensação. As minhas já vão distantes, a precisar de outras. Mas vendo bem seguindo a tua positiva teoria, estou mais perto que tu das próximas. BJ, Amália
ResponderEliminarGostei do teu texto, sem ser lamechas, é tal como tu, terno e luminoso. Conta mais coisas das tuas férias. Enche-nos de inveja. Porque este ano não deu para mergulhar nessa paisagem. Beijocas C.
ResponderEliminarQuanta semelhança encontrei nas tuas palavras com o meu sentir. Já estou de volta à mais de 15 dias mas continuo com o cérebro ainda a meio gás, ainda estou por aí, algures com o coração em férias. Um xi-coração, Leonor
ResponderEliminarTeve um bom regresso, encontrei-o aqui nas suas palavras que vieram preencher a longa ausência para quem como eu gosta de ler com alguma regularidade o que escreve. Surpreendeu-me o título, e o inicio, explicado pelo sentido das emoções. O seu estilo está mais uma vez presente para nos conduzir a novas paragens. Seja bem-vinda. Um abraço, Antero
ResponderEliminarNão sendo uma depressão pós-férias, é elucidativa do contraste de momentos em que somos levados de um estado de tranquilidade, sem pressões para outro que nos obriga a fazer tudo numa quase escravatura ao tempo, vigiado pelo relógio. Espero que a esperança no retorno dê a todos os que regressam o mesmo ânimo e objectivo. Sandra B.
ResponderEliminarJá sentia saudades das tuas mensagens, da cadência das tuas palavras, das emoções oferecidas. Quase senti o aroma de pinheiros, figueiras e mar, cheiros que só a natureza permite harmonizar.
ResponderEliminarOi, que bom que voltou, já sentia a sua falta. Daquelas palavras que só você sabe aqui deixar. Beijão Marina
ResponderEliminarAs férias que terminam com nostalgia mas sem depressões, que agora parecem estar na moda. Porque a vida continua e há sempre outras férias, outras praias, outros sonhos por realizar. Bem-vinda
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