Lembro o momento, o exacto momento, quando o dia na tarde adormecia. Quando o sol sorria e as nuvens repousavam no azul do céu. As flores exalavam no ar cheiro de pétalas beijadas. O mar parava o seu movimento ondulante, suspenso do mistério, para escutar os corações.
Que teriam eles para dizer? Que palavras sairiam dos lábios trémulos, um adeus, um começo ou apenas um reencontro?
Lembro o momento, o exacto momento em que as sombras se uniram e formaram a perfeita imagem da vida. De como ela deve ser, feita de harmonia e completude. Quando os caminhos se encontram. Quando os passos descobrem um sentido para caminhar lado a lado, num ritmo lento de quem quer apreciar, partilhar, viver em comum esse tempo. De quem já não tem pressa de procurar porque já encontrou.
Lembro o momento, o exacto momento em que percebi nessa união, que a felicidade existe. Porque ela transparecia naquele idílico quadro de perfeição.
Foi nesse instante que a realidade me chamou, despertei. Confusa entre o sonho e a verdade. Uma alegre tristeza foi invadindo-me os sentidos. A beleza do ideal, que não quero supor, fantasia, mas antes a antevisão do caminho que se abre à minha frente. E que um dia, quem sabe um dia, encontrarei esse Setembro, único na nossa existência…