Já foi jovem, cheia de vivacidade, conheceu a vida e a vaidade.
Já teve a pele
esticada. Já amou e foi amada.
Com cabelos
cheios de sol luzidio, onde a neve um dia caiu.
Teve rios no
olhar, foram tantos, ninguém os viu.
As mãos cheias
de calor, o coração repleto de amor.
Pariu filhos,
ensinou-os a crescer, partiram, deixou de os ter.
Ofereceram-lhe
flores, algumas com duros espinhos.
Pintou doces sonhos,
palmilhou áridos caminhos.
Chata, rabugenta,
cada vez com menos memória.
Por vezes
triste, cada vez com menos história.
Agora
chamam-lhe a velha senhora.
Enxotam-na da
vida, indicam-lhe a estrada a fora.
Não que tenha
feito algo de errado.
Mas é para cada
um o espelho do futuro reservado.