Já pouco se fala da pandemia, outros assuntos ganharam relevância, a guerra na Ucrânia, os fogos neste quente verão, mas a pandemia permanece entre nós. Os nºs de infetados continuam elevados, mas para aclamar os temores dizem-nos que com sintomas muitos leves.
As mortes continuam elevadas, mas para nos calar os receios, dizem-nos que essas pessoas já padeciam de outras patologias. A covid-19 continua a existir e a resistir a vacinas, seja quantas doses forem administradas.
O começo parece-nos distante, mas os seus efeitos continuam tão perto de cada um de nós.
Ninguém nos disse que seria
fácil, mas também ninguém nos avisou que seria tão difícil. A pandemia tomou
conta das nossas vidas, ninguém está imune aos seus efeitos perniciosos. No entanto o mundo continua a girar, alheio às
nossas perdas, às nossas dores.
Continua a exigir de nós que lhe demos o nosso
melhor em contexto laboral, familiar e social. A dificuldade, a nossa mágoa e
receio prende-se com a imprevisibilidade
da situação pandémica que nos rodeia. Não estamos sozinhos, é verdade, mas se
isso no inicio nos uniu, hoje afasta-nos, porque cada um quer viver e sofrer a
sua dor e receio individualmente.
Cada um quer agir o mais corretamente possível, ou tomando outro tipo de atitude, decidiu simplesmente desistir de
seguir as regras impostas, a palavra imposição, leis, decisões políticas, ou
até uma voz que lhe pede “coloque a máscara” causa exacerbada revolta.
Há um grito, ressoando em cada um
de nós, uns ouvem-no como um pedido de quem cuida porque quer que todos fiquem
bem e obedecem com desvelo, outros ouvem-no como uma limitação à sua liberdade
e desafiam-no, outros ainda cansados, apáticos já não ouvem, cumprem umas
normas, desobedecem a outras.
E depois há os que gostam de encarar a vida como
um jogo, sabendo que podem ganhar, ou seja escapar impunes ao vírus e às
multas, ou que perdem e nesse caso, pagam a multa no melhor dos casos, porque
no pior tornam-se veículos de transmissão do vírus para familiares, amigos,
colegas, vizinhos ou meros desconhecidos.
Não têm sintomas, mas os outros podem
senti-los e sofrer com eles indefinitivamente. Emergência, tornou-se palavra de
ordem, emergência de soluções, emergência de atitudes coletivas.
Dilemas
éticos à parte, estamos todos perdidos no mesmo mar e se há um caminho, então,
devemos remar todos para o mesmo lado, cada um seguir o seu rumo, é entrarmos
em repetidos círculos que se podem tornar afundantes remoinhos.
É preciso
despertar a humanidade e a integridade social que deve estar presente em cada
um de nós. Somos frágeis mas podemos encontrar em nós e nos outros uma
resiliência que nos torna mais fortes. Com esperança e com fé em cada um de
nós.
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