A
Páscoa foi quase apenas uma data no calendário, sem darmos amêndoas em forma de
abraços, sem recebermos ovos de chocolate em forma de beijos. Quase que nem
relembrámos a Paixão de Cristo. Na nossa vontade de chegar a todos, de tocar
todos os nossos familiares e amigos, telefonámos, enviamos mensagens, desejámos
a todos uma Boa Páscoa, menos “doce”, mas presente para compensar a ausência.
Compensou? Claro que não! Mas recuperaremos cada momento, prometemos aos outros
e a nós.
O
25 de Abril não foi um dia de liberdade e as canções de lutas foram entoadas
num grito de desespero e de esperança. Já não se temia as guerras partidárias,
os condicionamentos políticos, mas a luta pela vida contra um inimigo viral.
O
1 de Maio passou em marchas silenciosas nas ruas desertas. As lutas pelos direitos
dos trabalhadores foram trocadas pela homenagem a quem trabalha para arrancar
da pandemia vidas em sofrimento e as trazer de volta à sobrevivência e aos seus
lares.
Este
vírus que retirou vidas, que separou famílias, que nos isolou em ilhas desertas
de afectos, mas cheias, por vezes muito de medos. Revelou a nossa fragilidade,
demonstrou a nossa coragem.
Não
estamos vencidos, nem convencidos de qualquer derrota. Os dias são de luta,
cada um por si, para vencermos todos.
O
ficar em casa vai pouco a pouco transformando-se num voltar à rua. Abrimos a
porta, espreitamos receosos, olhamos cada pessoa com uma estranha
familiaridade, estamos todos no mesmo caminho, com um único objectivo, ficar
saudável. Cuidamos da nossa saúde e da dos nossos o que significa igualmente da
vossa e dos vossos.
A
inconsistência das palavras, tornou-se a consistência dos actos e ideais, nunca
houve um isolamento que nos unisse tanto.
O
futuro pertence a nós e não ao Covid; temos esperança, tentamos ter confiança e
acreditar, é isso que nos dá força para sair para a rua, entrar nos transportes
públicos, ir trabalhar e no final do dia regressar a casa.
Vamos ficar bem…
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