Não
te prendas de tal forma ao passado que te impeça de voar
Não
dês asas ao futuro de tal forma que não consigas ter os pés assentes na terra.
É
preciso acreditar que a semente que deitamos hoje na terra germina e será uma
árvore sólida num amanhã.
É
preciso acreditar que mesmo que existam dificuldades, haverá dias mais fáceis
em que o sol nos revelará o seu sorriso.
Precisamos
acreditar, precisamos ter esperança, precisamos de encontrar seja onde for a
força anímica dos nossos passos.
Sei
disso, sei-o cada vez mais, quando os problemas me toldam o raciocínio e me
roubam as energias necessárias a cada gesto, a cada função do meu dia a dia.
Sei-o, quando a saúde escasseia, quando
quase me derrota.
Agarro-me
ao passado, como eu era, a alegria, a juventude, a dança primaveril que
desconhecia as agruras de cada estação. Estendo os braços para o futuro, esse
laço fugidio que qual criança irreverente parece teimar em não se deixar
aprisionar.
Ainda
é cedo para saudosismos, dizem-me.
Já
é tarde para grandes devaneios.
Mas
a verdade é que nunca é cedo para o que é tarde nem tarde para o que é cedo,
temos que ser como somos, deixar-nos ir por essa maré em que somos marinheiros
de primeira viagem. Aportarmos nos cais do nosso querer, e por lá fixamos as ancoras de uma felicidade
que quem sabe, se a corrente nos for de feição, haverá dias em que nos navegue.
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