Dia internacional da mulher, “ainda bem que
existe"
. Porque é o resultado da conquista de mulheres que venceram barreiras,
que ultrapassaram impedimentos sociais, culturais e até religiosos.
“Que
triste é que tenha que existir”. Para
que se lembrem dos direitos que na verdade deviam ser nossos por inerência de
ser humano. Tivemos de trabalhar, de lutar, porque como diz M. Rodoreda “o
papel da mulher que, em definitivo, é a mãe do homem”, haverá força maior,
capacidade mais gloriosa do gerar vida, criá-la e dá-la ao mundo? Para depois
ser esse mundo quem a olha de soslaio, num patamar de fictícia superioridade,
sonegando-lhe a sua verdade, a sua história, a sua vitória, a sua vida feliz.
Hoje não é dia da mulher, pelo menos no
calendário das celebrações, das lembranças que podem cair no esquecimento. Não
escrevi ontem, foi de propósito, porque não quis cumprir o ritual de ter esse
dia, unicamente esse dia como meu. Porque sou mulher, para minha graça, para
algumas mulheres, para sua desgraça,
ainda assim é. Seja qual for a bandeira que se erga de vontades, de lutas, para
elas, são parcas as vitórias. Terão de nascer e crescer as filhas, as netas,
bisnetas e quem sabe quantas mais gerações. Para que nos olhem e nos reconheçam
como iguais, mesmo que sejamos em muitas situações melhores, no entanto, uma
vez mais, generosamente, maternalmente damos-lhe essa falsa ilusão, essa
benesse de deixar nisso acreditar.
É isso que nos torna humanamente superiores,
a nossa generosidade, essa complacência, essa coragem de prosseguir e escrever
no parto da história cada retalho da nossa vida.
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