“Não
se deve separar o sujeito do verbo”, uma regra básica e essencial da gramática
portuguesa. Nunca a esqueci e tento que seja mais que uma regra da
gramática, mas também uma forma de existir (aí está o verbo).
Que nunca se separe o sujeito do amar, do
conquistar o além de que faz parte, do lutar por atingir a sua meta, do sonhar
para evoluir, do dar em amizade, em atenção, do cuidar de si, dos outros,
estimar tudo aquilo que a vida nos oferece, do querer ser-se melhor, presentear
a vida dos outros com um pouco de nós, do gostar do que temos mesmo quando não
podemos ter o que desejaríamos, do perdoar para ficarmos libertos da mágoa que
é guardar a dor de quem nos feriu, do admirar a natureza que nos rodeia e da
que faz parte de nós humanidade. Do partilhar, respeitar, do ser o que
gostaríamos de ser nos outros e em nós.
E assim vai a vida nos entretanto em que a
alma nos permite vislumbrar sorrisos do sol, aconchegos da lua, então há uma
neblina que nos eleva o pensamento para ti (gosto de personalizar), mesmo que o
tu seja para todos os que fazem um pouco parte de mim no todo que me define.
Porque nada sou sem o verbo do teu existir, aquele que escolho, aquele que me
escolhe no momento vivente.
Agora, já me despedindo de S. Valentim,
acenando ao Cupido de falhada pontaria para uns, exata para outros e tudo o
resto é Carnaval, folia para espantar o frio, os maus pensamentos, para sair da
rotina de verbos nem sempre populares do ir e vir constante das madrugadas
cansadas e das noites sem sonhos, “faz parte” ouço em redor, vozes que não sei
se são de conformismo ou se de esperança, agarro nesse (faz parte) e
redesenho-o com novos tons porque é preciso acreditar.
Nem que seja nessa gramática aparentemente insípida de tantas regras, que contudo, revela
por vezes uma essencial lição,
“Não se deve separar o sujeito do verbo” e o verbo hoje é, bem-querer, que nada o
separe de cada um de nós.