Quem
sabe amanhã, quando todos os ontens levarem as águas desse rio que já nos foi
tempestade. Talvez amanhã quando as cascatas da lembrança descerem suaves
ecoando melodias de deleitoso harmonia.
Talvez
amanhã quando o despertar limpar do horizonte nuvens que nos encobrem a
luminosidade do olhar. Talvez amanhã quando os sonhos renascerem, os projectos
acontecerem, quando a esperança nos fizer acreditar que o novo dia é um convite
do futuro para ser rescrito nas linhas e entrelinhas do destino.
Mas,
e se o amanhã não vier? Questionam os mais pessimistas. Que importa,
guardaremos o hoje, abraçando-o, aprisionando-o num recanto, quer seja no
coração, na memória, numa célula que nos navegou o corpo em busca do caminho
para a felicidade.
E
mesmo que o ontem com maior ou menor saudade parta de nós, e mesmo que o amanhã
não nos chegue a habitar, teremos este dia, 24 horas de possibilidades. 1440
minutos de oportunidades. 86400 segundos de ensejos, de confiança, de alento, de expectativa, de vida que é nossa,
totalmente nossa, como flor num jardim de primavera, a decisão é nossa, de a
colher, de a admirar, de a deixar crescer e florir para encher de cor, de
perfume. Este dia que pode ou não chegar a desenhar-se no horizonte do amanhã.
No
entanto, até lá chegarmos, há uma promessa que nos grita no peito, vamos
torna-lo feliz! Uma alegria de coisas pequenas que no seu conjunto são grandes
porque nos definem enquanto gente que ama, chora, ri e sente.
Mas
isto só se lá chegarmos porque todos os dias são de descoberta, no mistério de
viver ou sobreviver às vitórias e derrotas de cada passo dado no escuro, se
chegarmos, que não fique nenhum dia ávido de esperanças, que não fique nenhum
sonho por ser sonhado, nenhuma lágrima por ser chorada, nenhum a gargalhada por
ser solta, nenhum eco a silencie, antes, a repita, uma, mil vezes deixando no
ar o som mais puro que emana da alma.
Enquanto
isso, o ontem já não nos pertence, o amanhã não se sabe se o tocaremos,
mas o hoje, o hoje estende-se para nós,
repleto de toda a maravilha que é encontrar em cada recanto do caminho a folha
em branco da nossa história.