Pós-de-bem-querer para partilhar/oferecer: Pensamentos, histórias, aprendizagens.Tudo o que acontece quando se vive e se ama a vida!...
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
Post.it: Deste teu amigo…
Não desistas de mim, mesmo que na vida nada te corra bem. Encontra-me
nas pequenas coisas, no sol de inverno, na flor que nasceu por entre o betão,
nas folhas de outono, nas crianças a brincar, nas aves a voar, nas ondas a
embalar a praia...
Abre-me
a porta do teu lar para que o encha de mim. Abre uma janela no teu peito para
que do frio da noite me possa aconchegar.
Olha
em teu redor, vê-me nos olhos tristes que tu podes alegrar. Reconhece-me em
cada vida solitária e faz-lhe companhia. Escuta-me em cada sopro do vento que
geme um lamento que tu poderás atenuar com o teu carinho.
Não me abandones, nem às memórias de uma infância cheia das nossas histórias natalícias.
Não penses em mim perdido por entre presentes e laços, encontra-me entre muitos
sorrisos e outros tantos abraços.
Não te esqueças de mim, seja em que data for, não precisas de me celebrar
somente em Dezembro, celebra-me quando tiveres vontade de ser solidária com um
amigo, gentil com um desconhecido, cortês com um inimigo.
E
se as luzes das ruas te encandearem o sentir, se os objectos nas montras te
baralharem o querer, se a multidão com que te cruzas só te oferecer solidão,
não lhe vires as costas, estende-lhes a mão, oferece-lhe a tua atenção, dá-lhes
os teus votos de um belo e Feliz Natal.
Não me julgues hipócrita, consumista, egoísta, falso, porque na verdade eu sou o que
tu quiseres: serei a lealdade, o carinho, se
cuidares de mim como se fosse uma flor que apenas te pede a bênção do
teu calor; mas também poderei ser fugaz, a prenda que nem vejo desembrulhar, o
compromisso sem sentimento, a breve história de um vulgar momento.
Acredita em mim, porque isso significa que acreditas em ti, que regressas de vez em
quando à criança que acalentava a esperança de tornar o mundo melhor.
Recebe de mim, um abraço natalício com muito carinho e vontade de contribuir, para
tornar a tua vida um pouco mais feliz. Tal como tu tornas feliz a minha, sempre
que me sentes, e que me ofereces aos outros, em bens materiais, em emoção, em
amizade. Porque todas as formas, todos os gestos, são sempre belos quando
brotam do mais terno coração.
Um abraço deste teu amigo,
Natal
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
Post.it: A poética vivencial da palavras
Costumam
dizer que falar muito com poucas palavras é próprio da poesia. Mas há que enquadra-las,
harmoniza-las, humaniza-las. E também dar-lhes asas, solta-las ao vento e ter a
certeza que o seu voo nunca será uma partida mas sempre um regresso. Uma
chegada que recebemos, recolhemos, para lermos, saborearmos e sentirmos em
momentos que delas precisamos para nos preencher o vazio de outras palavras que
já tardam.
Serão
talvez, estas apenas substitutas dessas outras, dizendo algo que pode ser
sentido, porque tem real sentido. Palavras que condensam uma verdade que nos guia e nos define
enquanto ser emocional.
Mas
no fundo não é preciso dizer muito, nunca
foi, basta dizer o essencial, deixar no horizonte das palavras a porta aberta
para que outras a elas se venham juntar
numa relação feliz e quem sabe até geradora de novas palavras na construção de um caminho comum, feito por lugares de paz,
lugares de harmonia. Há quem considere as palavras ambíguas, passiveis de
múltiplas leituras, há quem as acuse de se esconderem com receio da
frontalidade, da verdade. É possível, tudo é possível, porque são lidas com
diversos feixes de emoção. As palavras podem revestir-se de alguma opacidade
abrindo a porta a múltiplas vias de interpretação, até porque elas serão sempre
a conjugação do que somos, desse passado que nos fez crescer com personalidade
e valores educacionais concretos. De um presente trilhado por cada dia, por
cada hora, em cruzamentos, encontros e desencontros de horas solares, de nuvens
que nos fazem companhia em ondas de diferentes (a)mares.
Não
desvalorizem as palavras, ela são um
composto de letras dispostas segundo uma objectiva intenção. Elas têm sempre
algo para dizer, são um depósito de sensações, são braços que se estendem quando
as lemos e encontramos nelas um elo de cumplicidade, recebemos então esse abraço
que há tanto tempo espera por ser dado,
lido, compreendido e quem sabe, igualmente abraçado...
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
Post.it: O nosso tempo
“Eu
venho dum tempo que por vezes me parece perdido no tempo, de uma geração que se
deixou influenciar pela anterior e esta pela que a precedeu. Hoje as gerações
influenciam, contagiam na ordem inversa já não do passado para o presente mas
do presente para o passado, para que não se sintam, humano-excluídas num fosso
de diálogo e de conhecimento.
Não
sou saudosista do tempo mas das coisas boas, verdadeiras, de saber que se pode
caminhar por ali e se nos perdermos alguém nos trará de volta, alguém que se interessa,
que se importa com o seu semelhante.
Lembro-me
de me dizerem que simpatia gera simpatia; que o bem gera o bem, mostrando que a
boa vontade é contagiosa. Mas quem se deixa contagiar? O bem passou a ser
aquele que recebemos, não o que fazemos. A simpatia é a que exigimos mas não a
que partilhamos.
E
todos os dias mergulhamos nas nossas preocupações, nos caminhos da cibernética
e sentimos que temos uma multidão à nossa volta, no entanto quando desligamos o
botão, só ouvimos o silêncio e o eco que escutamos é unicamente o som solitário
dos nossos passos. O mundo cresceu e no entanto conseguimos tocar-lhe com a
ponta dos dedos. Sabemos tanto de tudo e no entanto sabemos tão pouco de nós e
cada vez menos dos outros. Que posso deixar de testemunho às gerações
vindouras? Nada! Elas querem aprender com o futuro e não com as lições do
passado. E as pontes são cada vez mais elos de afastamento e os mares cada vez
mais ondas de lonjura. Não sei se os barcos voltarão ao nosso cais, não sei os
passos pisaram as finas areias da nossa praia. Não sei se partilharemos o mesmo
olhar delineando as fronteiras do horizonte. Não sei se teremos algo em comum
que não seja apenas o que somos na individualidade, na indiferença, na ausência
que nos torna ilhas de estéril sentir. Que me o diga o tempo, já não aquele de
onde venho mas o tempo que vai partindo
de nós.”
Eu,
sou desse tempo, não na sua cronologia, mas em valores e sentimentos, em
entrega, não sei o quanto há de verdade na sua verdade, que sem querer sinto-a
um pouco minha. No entanto, recuso-me a
aceitar como definitiva essa possibilidade. Recuso-me a pensar que são causas
perdidas. Que as gerações são fronteiras intransponíveis. Que os valores se
perderam em definitivo. como deixar de acreditar quando uns olhos pequeninos
mergulham nos meus, quando uma mão minúscula segura com firmeza o meu dedo. Sim
ele acredita em mim e eu preciso de acreditar nele. Quem sabe o tempo seja um
dia, finalmente nosso.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
Post.it: Espera...
Este verbo “esperar” que nos é por
vezes tão doloroso, de ansioso, de
querido. Um querer que ultrapassa a vontade e se torna desejo. “Felizes aqueles que esperam” li
outro dia num livro peculiar, que fala de espera, uma espera que nunca se desalenta.
Que revela um tempo infinito mas que na
sua real finitude diz-nos que se chega lá, devagar…, depressa…, num tempo que
sendo nosso, na realidade, não nos
pertence, não o podemos manipular
segundo as nossas opções de vida, a nossa vontade de obter aquele momento,
aquele instante que nos surge mágico na beleza que tem ou na que lhe imaginamos
depois de tão demorada espera.
Mas chegar lá nem sempre significa
obter o fruto do nosso querer, essa tal magia nem sempre acontece. Então que
fazer, desistir? Não! Continuamos à espera,
mesmo quando só a sabedoria popular nos anima “quem espera sempre
alcança”. Ainda que demore, demore muito, por vezes tanto, demasiado mesmo que
o pensamento esquece, que o coração arrefece, que o sonhar adormece em cada dia
que amanhece e nada, mas mesmo nada acontece. Então começamos a acreditar
noutra expressão popular que cada vez mais ganha sentido “quem espera
desespera”.
Claro que não é essa espera que o
livro descreve, ele fala de uma espera da qual nunca se desiste, porque a
esperança nos diz que vale a pena esperar, porque até a espera é consoladora, faz-nos
companhia nas horas passadas e nas que chegarão em breve.
E assim se vive, por vezes uma vida
inteira, numa espera que não é acomodação, que não é de desistência, falta de
objectivos, fraqueza de carácter, até para esperar, é preciso ter coragem, é
necessário lutar e lutar muito, contra a descrença, a nossa e a dos outros que
nos aconselham a deixar essa espera e a seguir, talvez para outra espera. No
entanto já nos habituámos a esta, já a acomodámos no peito, já dorme
aconchegada no nosso abraço, já sonha connosco os mesmos sonhos…
Com abandoná-la, como edificar
outra e esquecer esta, quando ela sempre nos foi a expectativa de uma estrada,
de um reencontro, o vislumbre de um sorriso por entre a penumbra da noite, que
sempre nos foi a eterna espera de uma chegada.
Subscrever:
Mensagens (Atom)