Aramos a terra, preparamos o ninho para que as sementes se sintam aconchegadas. Escolhemos cada palavra para semear. Daquelas que tenham mais para dizer, que não sejam banais, que tornem tudo à sua volta especial. Que cheguem ao coração da humanidade. Aquelas que vivemos ávidos delas. Que são um verdadeiro oásis na aridez da razão. Aquelas que perduram no tempo como se fossem uma preciosa herança. Depositamo-las com delicadeza para que não percam o sentido. Cobrimo-las para que se sintam quentes, para que adormeçam e renasçam no momento mais indicado, na altura em que sejam necessárias para enriquecer os sentimentos, para revelar emoções. Para amenizar a dor. Para curar a ferida da alma.
Por vezes receamos não as possuir, não as conhecer para as oferecer num bouquet de esperança. Mas então percebemos que não nos faltam as palavras mas um solo fértil, macio. Que tenha a brandura do ser, a suavidade do cuidar, a delicadeza do sentir, a doçura do aconchegar, a afectuosidade do germinar.
Porque as palavras nascem do coração, seguem nas asas do vento e são recebidas de braços abertos por outro coração semelhante ao seu.
Amiga do meu coração, o meu solo ficou completamente derretido pelas tuas palavras, mais um pouco e virava rio. Quando tu escreves encontro nas tuas palavras aquilo que sinto, mas não sei dizer. Obrigada. Beijocas C.
ResponderEliminarens razão, há por aí muito solo árido, cheios de pedregulhos mesmo! Alguns são terrenos arenosos, macios mas completamente inférteis de sentimentos. Bjs, Amália
ResponderEliminarExcelente metáfora, muito clara e bem escrita. É verdade que conhecemos ao longo da vida muitos “solos” pouco férteis. Mas também é verdade que há outros que apenas temos que os “adubar” e cuidar com muita paciência e carinho, no final, quem sabe, consigamos colher a mais bela flor. Um grande beijo, Adelaide
ResponderEliminarGostei da mensagem, subtil mas igualmente directa. Quantas vezes nos esforçamos por semear nos outros sementes de carinho que nunca vão germinar? Culpa nossa? Quantas vezes a assumimos, insistimos e acabamos por ficar com a sensação de fracasso. No entanto é como dizes, estamos a investir o nosso esforço na pessoa errada, num “solo” infértil aos nossos desejos. Cuidar é um bom hábito, mas também devem cuidar de nós, a reciprocidade é necessária. Sandra B.
ResponderEliminarAí amiga, como eu sei o que isso é, deparo-me com cada rocha, que não consigo deslocar nem com toda a dedicação. Eu desisto, já chega de calhaus na minha vida, vou tornar-me ermita!
ResponderEliminarNem que seja por um mês. Bjs A.
Apreciei a sua mensagem, num misto de encorajamento e de desencanto. Encorajamento para que encaremos a realidade, que não vale a pena plantar em solo infértil. Desencanto pela constatação dessa infertilidade, depois do esforço investido. Muito bonito, com um traço literário muito feminino. Um abraço, Antero
ResponderEliminarQuem ama cuida. É nisso que acreditamos, é por isso que lutamos, que regamos esse solo, quem sabe um dia algo florescerá?!
ResponderEliminar