Saboreia cada momento não tem pressa, é uma das vantagens de se ser sénior, não ter pressa e poder apreciar a vida. Sim, é sénior, recusa-se a ser velha, lá diz o povo com razão, “velhos são os trapos”. A sua neta diz com o seu ar traquina, “avó és tão antiga”, supõe que seja um elogio maroto, e sorri, afinal as coisas antigas normalmente têm grande qualidade e elevado valor.
Lembra-se de que antigamente, quando era jovem e ainda andava a tentar conquistar um lugar ao sol, preocupava-se com os outros, com a opinião que tinham sobre ela. De tudo fazia para lhes agradar, mas lá vem de novo o povo com a sua soberana sabedoria “não se pode agradar a gregos e a troianos”. Acabava frustrada na sua luta inglória.
Depois e apesar dos seus esforços para ser bem educada, alguém sempre inventava uma razão para dizer algo menos abonatório sobre a sua pessoa. Entristecia-se. Hoje, agradece a essas pessoas que lhe ensinaram que na vida há muitos cenários sem real conteúdo. E das mágoas ergueu-se e atreveu-se a ser como é. Não é perfeita, é apenas humana.
Já não precisa correr para chegar, mais tarde ou mais cedo todos atingem a meta.
Por isso o melhor é ir aproveitando a paisagem da passagem, a firmeza de cada passo.
Passamos a vida inteira à procura da felicidade, mas estamos tão habituados a ser infelizes que a sensação de felicidade nos parece estranha. Acabamos por a deixar passar sem a reconhecermos. Tantas vezes reprimimos o nosso sentir que essa passa a ser a nossa forma de viver de tal forma que a ternura espontânea nos incómoda, e o amor nos inspira desconfiança.
Gostei desta “antiga” que de velha não tem nada. Invejo-lhe a coragem, eu confesso que tenho pavor de lá chegar e sentir-me velha e feia. Bem sei que a beleza não é tudo, mas o meu “amigo” espelho é demasiado crítico. Bom, quando lá chegar, logo vejo. Como tu dizes, não vale a pena sofrer por antecipação. Beijocas C.
ResponderEliminarJá sou antiga, muito antiga. Mas aprendi a gostar desta antiguidade, tal como a pessoa de que fala, fui crescendo, aprofundando a minha apreciação da vida. Sem pressa de chegar, apreciando a viagem. Não foi uma aceitação fácil, vamos perdendo capacidades, a saúde não ajuda, mas compensamos com outras características. Todas as fases têm a sua beleza, esta não é estética mas duma grande beleza interior. Um grande beijo, Adelaide
ResponderEliminarTocas num assunto muito difícil de gerir, o envelhecimento, e a aceitação das mudanças. Cada pessoa vive-o segundo a forma como foi crescendo, se teve uma vida serena terá um “entardecer” igualmente sereno. Mas a maioria não o sente assim, a diminuição das capacidades, os problemas de saúde, a sensação de que já não se tem um papel activo na sociedade, na família. A melhor solução é que encontrem uma actividade, um hobbie, ocupar o tempo para não ficarem deprimidas. Gostei deste texto de esperança, de que ser “antigo” não é ser velho e sem utilidade. Sandra B.
ResponderEliminarQuanta verdade este texto encerra, o que somos, o que gostávamos de ser para agradar aos outros e nunca conseguimos. Temos que nos afirmar e assumir as nossas qualidades e defeitos, quem gostar de nós, gosta tal como somos, velhos ou novos.
ResponderEliminarDiverti-me e adquiri um novo ponto de vista sobre o ser sénior, quem sabe assim, quando lá chegar encaro melhor a situação.
ResponderEliminarMuito giro, amiga. Estou como esta “antiga”, velhos são os trapos!Bjs
ResponderEliminarMais um texto ao teu estilo. Mesmo que contado na terceira pessoa, é como sempre uma lição de vida. Com uma mensagem de incentivo a seguir. Bjs Leonor
ResponderEliminarGostei muito desta visão, ser antigo, com sabedoria, com aceitação da nossa dimensão humana. Amália
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